Corrupção incrustada


Investigação norte-americana e “nota fiscal” da propina enrolam Dilma e Foster, dizem tucanos

O propinoduto instalado no cerne da maior estatal brasileira funcionava de forma tão descarada que até “nota fiscal” era emitida por pagamentos de propina, como revelou a empreiteira Galvão Engenharia à 15877218245_fabafeb707_k15876566242_cf3b8358a0_kJustiça. Como se não bastasse a roubalheira que saqueou os cofres da empresa considerada patrimônio do povo brasileiro, os prejuízos financeiros impostos à Petrobras poderão ser ainda maiores. Pela primeira vez, a empresa admitiu que está sendo investigada pelo órgão regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos, o que mina a imagem da petroleira e pode gerar multas pesadas.

O líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), e o deputado Izalci  (DF), integrantes da CPMI da Petrobras, veem o surgimento dos novos fatos como a comprovação de que o escândalo é realmente o maior de todos os tempos e sempre foi de conhecimento do alto escalão do governo. Para Imbassahy, a presidente Dilma sabia de tudo. “O esquema de corrupção incrustado na Petrobras funcionava com tanta desenvoltura, debaixo da barba da presidente Dilma, que a propina era até institucionalizada”, avaliou o líder tucano, ao comentar a existência de recibos das propinas. Já Izalci acredita ser necessário o afastamento da presidente da estatal, Graça Foster.

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No final de semana surgiu a primeira possível prova de que Dilma e Lula foram cúmplices dos desvios de recursos na Petrobras.

A Galvão Engenharia apresentou nesta segunda-feira (24) à Justiça comprovantes de que pagou R$ 8,8 milhões de propina para o engenheiro Shinko Nakandakari, emissário da diretoria de serviços da Petrobras, então comandada por Renato Duque. Dirigentes da área foram indicados pelo PT na época. A Galvão já havia reconhecido ter pago R$ 4 milhões ao doleiro Alberto Youssef, que teria redirecionado o valor ao PP.

Segundo o advogado da empresa, José Luis Oliveira Lima, o ex-diretor Paulo Roberto Costa ameaçava não pagar contratos se não recebesse “comissões”. Nakandakari exercia papel semelhante ao desempenhado por Youssef, mas na diretoria de serviços. Já chega a R$ 12,8 milhões o total que a Galvão diz ter pago aos dois. Izalci chama a atenção para o fato de os repasses para Nakandakari terem continuado mesmo após a Operação Lava Jato ter sido deflagrada, em março deste ano. Os depósitos teriam sido feitos de novembro de 2010 a junho de 2014, com notas fiscais emitidas pela LSFN Consultoria, da família de Nakandakari, em contas dos filhos do engenheiro.

De acordo com o parlamentar do PSDB, as irregularidades ainda existem. “As pessoas perdem os limites e por isso acredito que ainda ocorram irregularidades sim, apesar de num patamar menor, já que muitos dos corruptos foram presos. Mas ainda precisamos dar nossa contribuição para que imediatamente seja trocada toda a diretoria, principalmente a presidência da Petrobras”, defende o deputado.

De mal a pior – Izalci acredita que a saída de Graça Foster pode surtir efeito positivo num momento em que a credibilidade da empresa foi colocada em xeque. Segundo comunicado enviado pela estatal ao mercado na segunda-feira à noite, a SEC (Securities and Exchange Commission) – que regula o mercado de capitais nos EUA – enviou requerimento de documentos “relacionados a uma investigação”. A Petrobras está sujeita à regulação americana porque negocia papéis na a Bolsa de Nova York.

Segundo a Petrobras, serão enviadas informações obtidas pela apuração independente que está sendo feita por escritórios especializados nas leis anticorrupção dos EUA contratados por determinação da empresa que audita os balanços da Petrobras, a PwC (PricewaterhouseCoopers). A estatal brasileira poderá ficar sujeita a pesadas multas e outras punições, além de ter sua imagem manchada graças aos desvios. “O estrago será ainda maior, não só em termos de credibilidade, mas também financeiro”, lamenta Izalci.

-> Nesta semana a CPMI do Congresso fará duas audiências públicas. Na primeira, amanhã às 14h30, serão ouvidos Glauco Colepicolo Legati, gerente-geral de Implementação de Empreendimentos para a Refinaria Abreu e Lima, e Magda Chambriard, diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Já na quinta, será a oitiva de Márcio Andrade Bonilho, sócio da Sanko-Sider Com. Imp. e Exp. de Produtos Siderúrgicos Ltda.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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25 novembro, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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