Pernambucanos criticam fim da Delegacia de Crimes contra a Administração Pública


Tucanos apontam que pode haver prejuízo nas investigações com o fechamento da delegacia.

Deputados federais do PSDB de Pernambuco criticaram a decisão do governo estadual de acabar com a Delegacia de Crimes contra a Administração e Serviços Públicos logo após as eleições. A Decasp foi responsável, nos últimos quatro anos, por 15 operações que resultaram em 49 prisões, entre políticos e empresários envolvidos em esquemas de corrupção que, juntos, superam R$ 150 milhões. Alguns parlamentares estaduais foram contra, entretanto, a proposição foi aprovada por maioria.  

O 1º vice-líder tucano, deputado Betinho Gomes (PE), diz que o governador do estado tomou uma decisão grave e errada. “Tivemos a oportunidade de falar isso na semana anterior à votação. Alertamos para que houvesse uma mobilização da sociedade pernambucana e o governador está indo na contramão daquilo que quer a população, que é o aprofundamento nas investigações. A Decasp cumpria um papel importante, e a delegada que era responsável fazia um brilhante trabalho”, lamentou.

No final do mês passado, Betinho defendeu o ressarcimento de recursos desviados por esquema de corrupção que inclui o prefeito de Cabo de Santo Agostinho, preso pela Operação Abismo, da Polícia Federal.

A operação apontou desviou de mais de R$ 90 milhões. “Recursos que serviriam para pagar as aposentadorias dos servidores, que contribuem com sacrifício, com muito esforço, mas, infelizmente, uma quadrilha se apossou desses recursos, e agora causa grande prejuízo”, apontou o deputado.

O deputado Bruno Araújo (PE) também se manifestou a respeito. Ele vem usando as redes sociais para demonstrar seu desgosto. “Tapa na cara da população! Acabar com uma delegacia que investiga crimes contra a administração pública é zombar da sociedade pernambucana”, escreveu.

O parlamentar lamentou a possível perda da titularidade da delegada Patrícia Domingos nas investigações. “Se a condução do inquérito não continuar sob a responsabilidade da delegada Patrícia, toda a sociedade pernambucana, bem como a própria Polícia Civil, permaneceram violentamente violadas. Para situações como essa, a Federação é o remédio de proteção da Sociedade e Polícia Estadual atingidas em sua autonomia de investigação. Nesse caso, quem cumpre o papel de guardiã pela Federação é a Polícia Federal”, disse.

Patrícia, que estava no comando da delegacia desde 2015, afirmou ao portal “JC” que foi surpreendida com a notícia e não foi informada sobre seu futuro.

DECASP

O projeto de lei, aprovado pela Assembleia Legislativa de Pernambuco nesta semana, dá fim à delegacia e cria outro órgão: o Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco). Serão criadas também a 1ª e 2ª Delegacias de Polícia de Repressão ao Crime Organizado, sendo uma com atuação na Região Metropolitana do Recife e outra com atuação no âmbito estadual.

Todos os novos órgãos terão nomeação livre pelo governador e secretário de defesa social do estado. Segundo informações do portal “G1”, o PL também extingue a Delegacia de Crimes contra a Propriedade Imaterial (Deprim). O portal afirma que entre 2012 e 2015, segundo informações publicadas no site da Polícia Civil de Pernambuco, a delegacia especializada retirou 1,3 milhão de produtos falsificados de circulação, o que gerou cerca de R$ 26 milhões em apreensões. O desempenho da delegacia gerou reconhecimento nacional e internacional, como o recebimento de uma honraria da Embaixada Americana.

O texto afirma também que, caso o projeto seja aprovado, nenhuma das investigações em curso na atual Decasp será encerrada.

(Cristiane Noberto/ Foto: Alexssandro Loyola)

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8 novembro, 2018 Noticia3, Últimas notícias Sem commentários »

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