Transparência


Parlamentares do PSDB esperam que investigação da CPMI da JBS traga resultados concretos 

Izalci assina a maioria dos requerimentos já apresentados na comissão parlamentar de inquérito.

Izalci assina a maioria dos mais de cem requerimentos já apresentados na comissão parlamentar de inquérito.

A relevância da CPMI da JBS, criada para investigar as atividades do grupo empresarial beneficiado com empréstimos generosos do BNDES nos governos do PT, exigirá dos parlamentares maior compromisso com a transparência, sempre visando o bem maior do Brasil. A expectativa é que essa comissão parlamentar de inquérito possa, de fato, investigar, apurar e encaminhar o resultado para o Ministério Público. E, paralelamente, propor mecanismos para que não ocorram mais relações como a do banco de fomento estatal e a JBS.

Essa preocupação foi o tema central dos debates ocorridos na reunião desta terça-feira (12), realizada no Senado Federal. O foco da comissão mista, instalada no dia 5, são as supostas irregularidades envolvendo as empresas JBS e J&F em operações realizadas com o BNDES e BNDESPar, ocorridas entre 2007 e 2016.

 “A criação dessa comissão criou expectativa por parte da população, sobretudo pela transparência”, afirmou o deputado Izalci Lucas (DF). Ele descarta a tese de que tudo “acaba em pizza” e cita  CPIs anteriores,  nas quais apresentou voto em separado e os fatos relatados acabaram sendo comprovadas. O parlamentar propôs a aprovação rápida dos requerimentos que, além de facilitar o cruzamento de informações já sistematizadas, também comprovará a seriedade dos trabalhos. “É hora de revelar quem são os políticos envolvidos nessa enorme cadeia de corrupção”, defendeu. A maioria desses requerimentos é assinada por tucanos. 

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O deputado João Gualberto (BA) cobrou uma resposta para as acusações feitas, inclusive pela imprensa, de que a CPMI foi criada para atacar os delatores da JBS e o procurador-geral da república, Rodrigo Janot. “Tem alguém aqui para defender os irmãos Batista?”, questionou para, em seguida, lembrar que na CPI do BNDES, partidos como o PT não deixaram que os irmãos fossem convocados. “Os suspeitos de envolvimento nesse esquema de corrupção, inclusive os ex-presidentes Lula e Dilma devem ser chamados para depor”, reiterou.

Por sua vez, o deputado Miguel Haddad (SP) defendeu uma postura isenta por parte da presidência e relatores da CPMI. Ele lembrou a frustração ocorrida na comissão que investigou as denúncias de irregularidades envolvendo o BNDES, ocorridas entre 2003 e 2015, relacionadas à concessão de empréstimos suspeitos e prejudiciais ao interesse público.

“Foi uma meia comissão, porque não conseguimos fazer a convocação dos irmãos Batista”, afirmou. Ele ressaltou a postura contrária a essa convocação por parte do PT e de outros parlamentares que hoje já concordam em chamá-los para depor. “Hoje é um novo momento e a sociedade acompanha com grande expectativa os trabalhos da comissão”, afirmou. Haddad reiterou que o Brasil assistiu uma empresa – a JBS – ser claramente beneficiada com juros subsidiados. Segundo ele, houve redução de postos de trabalho e concentração do processamento de carnes na JBS, fechando frigoríficos especialmente em Goiás.

O deputado Carlos Marun (PMDB-MS) foi escolhido relator na CPMI. O colegiado também terá dois relatores setoriais: os deputados Hugo Leal (PSB-RJ), que vai tratar de dívidas da empresa com a Previdência, questões fiscais e agropecuárias, e o Delegado  Francischini (SD-PR), indicado para relatar questões referentes a contratos, empréstimos e ao acordo de colaboração.

A votação dos requerimentos só deve ocorrer na próxima terça-feira (19), depois que o plano de trabalho for aprovado. São quase 100 requerimentos a serem votados, a maioria de autoria de parlamentares do PSDB. Eles pedem a convocação dos irmãos Joesley Batista e Wesley Batista, acionistas controladores do Grupo J&F Investimentos; Ricardo Saud, ex-diretor de relações institucionais do Grupo J&F; Marcelo Miller, ex-procurador do Ministério Público Federal; Demian Fiocca e Luciano Coutinho, ex-presidentes do BNDES; e Rodrigo Janot, procurador-geral da República.

Há, ainda, vários pedidos de compartilhamento de informações, como o que requer ao Ministério Público Federal cópia integral dos processos e procedimentos relativos ao acordo de colaboração envolvendo a empresa JBS S/A.

(Reportagem: Ana Maria Mejia/foto: Alexssandro Loyola/Áudio: Hélio Ricardo)

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12 setembro, 2017 Últimas notícias Sem commentários »

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