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Sobrinho de Lula é convocado pela CPI do BNDES para explicar obra milionária em Angola

cpi do bndesEm uma sessão tensa, a CPI do BNDES aprovou nesta quarta-feira (9) uma série de convocações, inclusive a de Taiguara Rodrigues dos Santos, sobrinho do ex-presidente Lula. Ele é apontado como proprietário da empresa de engenharia Exergia Brasil, contratada pela Odebrecht para trabalhar na obra de ampliação e modernização da hidrelétrica de Cambambe, em Angola, com financiamento do banco de fomento.

Segundo o deputado João Gualberto (BA), autor do requerimento, Taiguara está sendo investigado em Portugal por suspeita de tráfico de influência. “Há indício de irregularidades e são esses elementos que serão analisados”, afirmou o tucano. O valor da obra é quase US$ 500 milhões. Segundo reportagem da revista “Veja”, os negócios levaram muita prosperidade a Taiguara. 

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Durante a reunião, aliados a Dilma atuaram para tentar blindar qualquer ato que possa ameaçar o governo. Na reunião desta tarde, foram rejeitados requerimentos de convocação dos empresários Wesley Batista e Joesley Batista, principais acionistas do frigorífico JBS.

“Que isenção terão esses deputados que tentam impedir a presença desses cidadãos? É mais honesto fazer essa convocação sem subterfúgios. A presença de alguns deles é emblemática para essa CPI. E até uma oportunidade para que eles possam se defender”, criticou o deputado Betinho Gomes (PE). O requerimento de convocação dos sócios do JBS foi derrotado por 15 votos a nove, em votação nominal.

Sobrinho LulaNa avaliação do deputado Caio Narcio (MG), a manifestação do voto representa uma resposta concreta sobre o papel de cada um na CPI. “Vamos delimitar se essa comissão será respeitada ou se vamos jogá-la no lixo”, alertou.  Ele citou ainda o exemplo do presidente BNDES, Luciano Coutinho, que se ofereceu para prestar informações antes mesmo de ser chamado.

A CPI aprovou por unanimidade a convocação de Eike Batista, do grupo OGX, causando bate-boca. “A convocação dele é importante, já que suas empresas foram beneficiadas com empréstimos, e ele tem que vir explicar as operações”, disse o deputado Miguel Haddad (SP). A OGX obteve financiamento de R$ 6 bilhões do BNDES. Na alegação de Luciano Coutinho, não houve prejuízo ao banco porque novos investidores assumiram as dívidas do grupo.

O executivo Dalton Avancini também prestará depoimento na CPI do BNDES. Ex-presidente da construtora Camargo Corrêa, ele é um dos delatores da Operação Lava Jato, que apura a corrupção na Petrobras,

O banco de fomento foi o principal financiador de obras da Camargo Corrêa, entre elas a usina hidrelétrica de Belo Monte. Durante depoimento de delação premiada, ele confirmou que a empreiteira pagou R$ 110 milhões em propina a ex-diretores da Petrobras.

A Camargo Corrêa participou de consórcios de empresas responsáveis por obras da refinaria Getúlio Vargas (Repar), em Araucária (PR); refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos (SP); Gasoduto Urucu-Manaus; e refinaria Abreu e Lima (Renest), em Pernambuco.

Outro convocado a pedido de tucanos é Ivan Ramalho, secretário-executivo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e Presidente do Comitê de Financiamento e Garantia às Exportações (COFIG).

Outro momento de embate ocorreu na votação do requerimento que propôs investigar os contratos de licitação e implantação de linhas do metrô de São Paulo (SP), financiados pelo banco. O requerimento foi apresentado pelo deputado Carlos Zarattini (PT-SP).  Segundo Betinho Gomes, o deputado Zarattini quer criar factoides. “Bastaria consultar as licitações que estão disponíveis na internet”, afirmou. 

O deputado Alexandre Baldy (GO), disse que o PSDB quer o comparecimento de todos os que diretamente receberam financiamentos do banco. O deputado Caio Narcio criticou a proposta de Zarattini. “Mas podemos concordar se ele estender as investigações às obras do metrô de Brasília, do Rio de Janeiro, de Fortaleza e de Belo Horizonte”, disse. Os requerimentos foram aprovados em bloco.

(Reportagem: Ana Maria Mejia/Foto: Luis Macedo – Câmara dos Deputados/ Áudio: Hélio Ricardo)

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9 setembro, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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