Atuação suspeita


Em CPI, tucanos questionam representantes do BNDES sobre “pedaladas” e tráfico de influência

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Diretora de Comércio Exterior, Luciene Machado, negou tráfico de influência para financiamento do Porto de Mariel, em Cuba.

Em audiência na CPI que investiga o BNDES nessa terça-feira (1), o vice-presidente da instituição, Wagner Bittencourt, e a diretora de Comércio Exterior, Luciene Machado, responderam um série de perguntas de parlamentares do PSDB sobre empréstimos sob suspeita concedidos entre os anos de 2003 e 2015.

O deputado Alexandre Baldy (GO) questionou ao vice-presidente o motivo pelo qual o banco faz uso de financiamentos públicos para pagar dívidas e levantou a possibilidade da instituição estar fazendo “pedaladas fiscais” com o dinheiro público. “Em 2008, o banco só pagou os dividendos referentes aos anos de 2006 e 2007, quando buscou recursos do FGTS para cobrir as contas. Podemos afirmar que entre essas operações o banco realizou uma pedalada fiscal, pois captou recursos do Tesouro, para pagar dívidas feitas ao próprio Tesouro”, enfatizou.

Em resposta, Bittencourt negou que os empréstimos tenham sido feitos para pagar dividendos. “Não tenha dúvida de que o Tesouro será pago, como tem sido em toda a vida do BNDES”, respondeu. 

TRÁFICO DE INFLUÊNCIA

O deputado goiano considerou questões que envolvem o projeto de Porto de Mariel, em Cuba, conforme denúncias realizadas pela Revista Época: “percebemos que o BNDES financiou o Porto Mariel em condições diferenciadas daquelas prestadas ao Porto da Beira, em Moçambique. Os prazos de financiamento, por exemplo, são completamente distintos. Porque o mesmo banco financiou dois empreendimentos similares em condições diferenciadas? Esse é mais um indício de que houve sim trafico de influência nessas ações”, questionou.

Em resposta, a diretora de Comércio Exterior afirmou que financiamento de um portos é de alta complexidade. “O BNDES, em situações como essa, aqui no país ou no exterior, tenta adequar o prazo de financiamento ao prazo de retorno do projeto. No caso de Mariel, foram quase cinco anos e meio de construção e a maturação, a geração de receitas, é muito longa. Fizemos isso nos empreendimentos em Belo Monte e as hidrelétricas do rio Madeira. O BNDES alonga os prazos de financiamento para compatibilizar a necessidade de retorno à capacidade de pagamento. Isso é feito em 100% dos casos”, disse.

Questionada pelo deputado Betinho Gomes (PE) sobre suspeitas de tráfico de influência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na concretização dos negócios em Cuba, Luciene afirmou que não houve tal interferência. A diretora do banco destacou ainda que, em sua carteira, nunca houve inadimplência.  Luciene foi questionada por mais de uma vez pelo tucano João Gualberto (BA) a respeito da possibilidade de Lula ter praticado o crime de tráfico de influência para garantir a participação da Odebrecht em obras na República Dominicana e em Cuba e negou todas as vezes.

Durante a reunião, o vice-presidente da instituição, funcionário de carreira do BNDES, e ex-secretário da Aviação Civil de Dilma Rousseff entre 2011 e 2013, admitiu dificuldade para detectar superfaturamentos, mas saiu em defesa da instituição. “O BNDES é uma instituição que tem resultado muito positivo e também tem retorno positivo para empresas brasileiras”, disse. “O banco tem que ter flexibilidade para ajustes em financiamentos em função de necessidades de projetos que estão sujeitos a atrasos”, alegou Bittencourt.

CONVOCAÇÃO DE LULA

Os deputados tucanos voltaram a defender a aprovação da convocação do ex-presidente Lula na CPI para explicar os fatos denunciados pela Revista Época, sobre suposto tráfico de influência para favorecer a empreiteira Odebrecht na construção do Porto de Mariel, em Cuba. Na última segunda-feira (31), Alexandre Baldy formalizou o pedido, protocolado na Câmara dos Deputados. Luciene Machado comentou o requerimento do deputado tucano. “O empreendimento foi autorizado somente após diversos trâmites técnicos e legais, como reza a cartilha do banco. O que o banco faz em situações como essa, no Brasil ou fora, é tentar adequar o financiamento ao prazo de retorno do projeto”, disse Luciene.

(Da assessoria do deputado Alexandre Baldy/foto: Alexssandro Loyola)

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2 setembro, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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