O "guerreiro" voltou…pra cadeia


Com prisão de Dirceu, Lava Jato sinaliza ingresso no “andar de cima” do esquema de assalto aos cofres públicos

dirceuA Operação Lava Jato talvez esteja ingressando agora no andar de cima da cadeia de comando que vem assaltando os cofres do Estado brasileiro ao longo dos últimos 13 anos, destaca a Carta de Formulação e Mobilização Política desta terça-feira (4) ao comentar a prisão de José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil do governo Lula. “Dirceu, certamente, não é o topo desta pirâmide. No mesmo período em que ele agia e enriquecia, Lula se locupletava do apoio parlamentar lubrificado com a corrupção e Dilma Rousseff presidia o conselho de administração da Petrobras – empresa de onde saía o grosso do dinheiro que irrigava a compra de voto no Congresso, financiava o PT e enriquecia seus próceres”, diz trecho do documento editado pelo ITV. “Há muito a investigar”, completa o documento. Confira a íntegra:

José Dirceu foi novamente preso. Ninguém foi às ruas para defender o “guerreiro do povo brasileiro”, como os petistas se acostumaram a saudar um dos mais fortes dirigentes que o partido sempre teve. O PT calou-se a respeito. O envolvimento direto do petismo com a corrupção tornou-se tão umbilical, que nem a prisão de uma liderança de primeiríssimo escalão como Dirceu causa surpresa, senão resignação.

O ex-“capitão do time” de Lula foi novamente preso ontem sob acusação de receber propina. Numa frase, segundo a precisa definição d’O Globo: “Suspeita-se de que ele tenha dedicado os últimos 12 anos à corrupção”. A temporada coincide com os períodos em que o líder do PT, e ex-presidente do partido, foi ministro-chefe da Casa Civil de Lula, com o de seu julgamento, condenação e prisão pelos crimes do mensalão.

Dirceu é acusado de receber propina para financiar o projeto de poder do PT e para enriquecimento pessoal. De 2007 a 2014 teriam sido movimentados R$ 90 milhões, de acordo com O Globo, vindos de empresas que prestavam serviços à Petrobras e destinavam parte do dinheiro desviado ao partido de Dilma e Lula – no montante de até 20% de alguns contratos, segundo O Estado de S. Paulo. Antes, Dirceu coordenara a máquina de corromper montada pelo petismo para azeitar o apoio político a Lula no Congresso.

Dirceu talvez seja caso único de político duplamente preso. Ainda cumprindo, em casa, a pena de sete anos e 11 meses pela condenação no mensalão, teve de ser novamente encarcerado, porque continuava a delinquir. Já fora do governo, ele faturou R$ 39 milhões com sua empresa de consultoria de mentirinha, parte disso enquanto já estava na cadeia. Não é motivo suficiente para, pelo menos, suspender o benefício da prisão domiciliar de que Dirceu goza?

Os procuradores dizem que Dirceu criou o esquema de corrupção na Petrobras. Mas agia sozinho? Sua criação beneficiava diretamente a quem? A Operação Lava Jato talvez esteja ingressando agora no andar de cima da cadeia de comando que vem assaltando os cofres do Estado brasileiro ao longo dos últimos 13 anos. Oxalá assim seja.

Dirceu, certamente, não é o topo desta pirâmide. No mesmo período em que ele agia e enriquecia, Lula se locupletava do apoio parlamentar lubrificado com a corrupção e Dilma Rousseff presidia o conselho de administração da Petrobras – empresa de onde saía o grosso do dinheiro que irrigava a compra de voto no Congresso, financiava o PT e enriquecia seus próceres. Há muito a investigar.

Segundo uma autoridade da Lava Jato ouvida pelo Valor Econômico, Lula entrou “no radar” das investigações em razão de dinheiro recebido de empresas investigadas pelos desvios na Petrobras sem a devida comprovação dos serviços supostamente prestados pelo ex-presidente. Já no Planalto, o maior temor, segundo os jornais, é de que as investigações subam a rampa do palácio e também passem a atormentar ainda mais a vida já nada fácil da atual presidente da República.

Junto com a prisão de Dirceu, a Lava Jato também revelou ontem, a partir da delação do lobista Milton Pascowitch, que o PT recebeu R$ 10 milhões em dinheiro vivo desviados da Petrobras e entregues na sede do partido. As sacolas de dinheiro eram o “pixuleco” que o partido sangrava do povo brasileiro para sustentar seu projeto de dominação total.

Está claro que o petrolão não apenas reproduziu o mensalão. Eram ambos parte de um sistema maior de assalto ao Estado, que também inclui as empresas do setor elétrico investigadas no “eletrolão”. Desde que chegou ao comando do país, o PT pôs a estrutura que deveria servir ao público, ou seja, aos cidadãos brasileiros, para servir ao projeto de poder do partido. É isso que apenas se desvelava no mensalão e que agora a Lava Jato vem desnudando cotidianamente com todas as cores.

O juiz Sérgio Moro descreveu a atuação de José Dirceu como atos de “profissionalismo e habitualidade” na arte de corromper. No universo do petismo, certamente assim é que se espera que faça um “capitão do time”. Recentemente, a presidente da República afirmou, numa entrevista, que o petrolão era fruto da ação de uns quatro ou cinco delinquentes. Não disse quais. Mas, com a nova prisão do ex-presidente do PT e ex-ministro da Casa Civil de Lula, é possível que as investigações estejam começando a se aproximar deles.

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4 agosto, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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