Com o pé atrás


Deputados veem com desconfiança intenção tardia de Dilma de cortar ministérios

Leitão - Cury

Tardiamente e após muita cobrança e resistência, o governo Dilma começa a estudar uma possível redução no número de ministérios. A medida tem sido defendida pelo PSDB há anos e poderia ter impedido que o atual rombo nas contas públicas fosse tão grande. Em 9 de fevereiro de 2012, por exemplo, deputados tucanos foram ao Palácio do Planalto para propor uma reengenharia administrativa. Diante da longa inação da petista, parlamentares vêem com desconfiança a intenção do governo de realmente fazer os cortes.

A proposta do PSDB previa a redução e/ou fusão de ministérios e a diminuição no custeio da máquina pública e no número de cargos comissionados, com economia projetada de R$ 3,3 bilhões ao ano. “O papel da oposição não é apenas criticar, mas também apresentar propostas. Elaboramos um projeto preliminar para mostrar que é possível poupar o montante. A máquina está inchada e emprega mais do que efetivamente o Estado necessita”, destacou o então líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), durante a visita ao Planalto (reveja abaixo a entrevista concedida na ocasião).

Play

Depois de ignorar as sugestões feitas pelo PSDB e ver seu governo mergulhar em uma crise profunda, a presidente resolveu finalmente pedir ao Ministério do Planejamento que estude uma possível redução da estrutura da máquina pública. Atualmente, a administração federal conta com 39 pastas – um recorde histórico.  

De acordo com o deputado Eduardo Cury (SP), agora que a presidente se encontra no fundo do poço decidiu avaliar a medida. “Se ela realmente estivesse bem intencionada em relação a isso, ela já teria reduzido”, alertou nesta terça-feira (4).

Os estudos do governo do PT ainda estão em fase preliminar, mas possivelmente seriam no sentido de acabar com o status de ministros dado a presidentes do Banco Central e ao ministro das Relações Institucionais, além de unificar pastas como do Transportes, Portos e Aviação Civil. Também estaria em estudo, só agora, uma forma para diminuir os mais de 22 mil cargos comissionados.

Durante o governo petista foram criados 13 ministérios. Para o deputado, esse aumento não deveria ter ocorrido. “Eles são inúteis. Servem simplesmente para atender conchavos políticos”, apontou. Cury destacou ainda que, devido aos estragos causados por Dilma e Lula à economia do país, a medida retardatária deve ser acompanhada do reconhecimento de outros problemas. “Além da corrupção gigantesca, o governo gasta mal. Ele distribui dinheiro de forma errada, para setores não prioritários da sociedade”, completou

Segundo o parlamentar, a presidente precisa cortar o custeio de programas desnecessários. “Se o governo quisesse realmente sinalizar que vai consertar todo o estrago que fez no país ao longo dessa década, também apresentaria um corte brutal de gastos para que o Brasil tivesse novamente a credibilidade na questão fiscal”, alertou. 

Já o deputado Nilson Leitão (MT) afirmou que o governo faz “jogo de cena” ao sugerir a redução de número de ministérios na estrutura federal. “É pouco provável que aconteça. Afinal, diminuir gastos é algo que não faz parte do vocabulário dos petistas”, declarou o tucano.

“A redução de ministérios é uma ideia que esteve entre as propostas do PSDB e é algo que, se vier para o Congresso, terá o meu apoio. Porém, lembro que o PT ironizou essa sugestão durante a campanha eleitoral do ano passado. E acredito que, agora, essa redução não virá acompanhada de um planejamento estratégico, que é o que defendemos. É uma ideia de marqueteiro”, afirmou o parlamentar, que é o 1º vice-líder tucano na Câmara.

Em 2012, Bruno Araújo destacou a proposta de reestruturação administrativa proposta pelo PSDB. Assista:

(Reportagem: Thábata Manhiça/ Fotos: Alexssandro Loyola)

Compartilhe:
4 agosto, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *