Investigação avança

Prisão de Dirceu complica ainda mais situação de Lula e Dilma, afirma líder do PSDB

Sampaio lembrou que Dirceu era o homem-forte do governo Lula, um dos líderes do projeto de poder do PT e ainda ocupou a linha de frente das campanhas eleitorais petistas.

A prisão do ex-ministro José Dirceu pela Polícia Federal na manhã desta segunda-feira (3) complica ainda mais a situação de Lula, Dilma e do PT, avaliou o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP). O envolvimento da cúpula petista com o esquema investigado pela Operação Lava Jato fica evidente com a denúncia do Ministério Público Federal e da PF de que Dirceu participou do esquema de corrupção da Petrobras ainda no governo Lula, quando comandava a Casa Civil.

“Dirceu era o homem-forte do governo Lula, um dos líderes do projeto de poder do PT e ainda ocupou a linha de frente das campanhas eleitorais petistas. Portanto, cai por terra a versão de que Lula e a presidente Dilma não sabiam de nada. Sabiam sim e sempre se beneficiaram desse esquema criminoso que eles mesmos montaram”, afirmou Sampaio.

“Essa prisão é mais um indicativo de que o ciclo do PT, que tomou de assalto o Estado brasileiro e deixará uma herança de atrasos na economia e na política, está no fim. Por outro lado, infelizmente, esses danos profundos que os governos petistas provocaram ao país e aos princípios éticos que deveriam nortear a administração pública, demandarão tempo para serem resolvidos. Depois do PT, o Brasil terá de ser reconstruído”, apontou. O líder convocou os brasileiros a protestar contra o governo nas manifestações do próximo dia 16 em todo o país.

Em entrevista após a prisão, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou que Dirceu “repetiu o esquema do mensalão”. O ex-ministro instituiu e se beneficiou o esquema na Petrobras durante e após o julgamento do mensalão. “José Dirceu recebia valores nesse esquema criminoso enquanto investigado no mensalão e enquanto foi preso. Seu irmão fazia o papel de ir até as empresas para pedir esses valores”, explicou o procurador.

REPERCUSSÃO NA CPI – O 1º vice-presidente da CPI da Petrobras, Antonio Imbassahy (BA), acredita que a prisão terá uma grande repercussão no colegiado, e aproxima de forma definitiva as investigações sobre o Petrolão da imagem do ex-presidente Lula. 

Em outubro de 2012, a condenação de José Dirceu no mensalão foi destaque na mídia nacional e internacional. Agora o petista volta ao foco por envolvimento no petrolão.

“Essa prisão foi de grande significado para a CPI. Agora, temos que aprovar imediatamente o requerimento de convocação do ex- ministro José Dirceu e reforçar a convocação dos ministros Edinho Silva (ministro chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) e Aloizio Mercadante (Casa Civil)”, informou o tucano.

O parlamentar lembra que Dirceu foi presidente do PT; comandou a primeira campanha vitoriosa de Lula, em 2002; foi nomeado ministro da Casa Civil, e era chamado por Lula de capitão do time. Todo esse “currículo” justificaria uma vinculação de Lula ao Petrolão, e ao Eletrolão.

“Operação Lava Jato mostra que governo do PT está afundado em corrupção”, lamentou Rogério Marinho (RN). Por sua vez, o deputado Delegado Waldir (GO) alertou que a investigação está chegando ao topo da organização criminosa. “Aqueles que chamam bandidos de pessoas honradas vão queimar a língua. Não tem meio bandido nessa investigação. Roubaram legal e com vontade nosso país.”

“A prisão de Zé Dirceu no início da semana em que o Congresso retorna às atividades pode ser o início do fim”, completou o deputado Caio Narcio (MG) via Twitter. Para Marcus Pestana (MG), a segunda prisão do petista por envolvimento com esquemas de corrupção simboliza o fim de um ciclo. “A segunda prisão de José Dirceu, quadro mais poderoso no PT e no governo da Era Lula, simboliza o fim melancólico do ciclo do PT no poder”, ressaltou.

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), divulgou nota afirmando que o partido não comemora nem lamenta a prisão. Ele ressaltou o pleno funcionamento das instituições brasileiras.

“Cabe a nós, como de resto a todos os democratas no Brasil, zelar pelo seu bom funcionamento. Instituições autônomas, independentes e altivas são a garantia do exercício pleno da democracia. Aqueles que cometeram delitos, independentemente da função que ocupam ou ocuparam, devem responder por eles dentro do que determina a lei.”

DETALHES DO ESQUEMA CRIMINOSO
O procurador do MPF explicou como funcionava a participação de Dirceu no esquema. Segundo Carlos Fernando, o irmão do ex-ministro, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, tinha o papel de ir até as empresas para pedir os valores. Essa foi uma das razões que motivaram o novo pedido de prisão para Dirceu, que já cumpria prisão domiciliar por condenação no mensalão.

Luiz Eduardo foi um dos sete presos na 17ª fase da Lava Jato. Ele era sócio de Dirceu na JD Consultoria, empresa suspeita de receber R$ 39 milhões por serviços que não foram feitos. Segundo as investigações, era por meio dela que propinas por contratos na estatal eram pagas.

Na ação penal do mensalão, Dirceu foi condenado a 7 anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa. Ele cumpriu parte da pena em regime fechado e estava detido em prisão domiciliar desde novembro de 2014. O novo mandado contra o petista é de prisão preventiva. A Superintendência da PF em Brasília informou que ele deve ser transferido para Curitiba.

CONFIRA A ÍNTEGRA DO DESPACHO QUE COLOCOU DIRCEU DE NOVO NA CADEIA

R$ 96 mil
é o valor aproximado do “mensalinho” que o ex-ministro-chefe da Casa Civil preso nesta segunda-feira teria recebido a partir de recursos desviados da Petrobras entre 2004 e 2013, totalizando mais de R$ 11 milhões.

(Da redação com informações do portal G1/ Montagem: Kim Maia)