Longa história


Explicações de ministro da Justiça sobre encontro em Portugal não convencem tucanos em CPI

O relato do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobre o encontro com a presidente Dilma e o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, é difícil de ser aceito, afirmou o 1o vice-líder da CPI da Petrobras, deputado Antonio Imbassahy (BA). Em depoimento à comissão de inquérito 19538312248_37a2e99728_knesta quarta-feira (15), Cardozo deu explicações sobre a reunião extraoficial em Portugal. “É uma história complicada, difícil de ser aceita. Primeiro não havia brecha na agenda da presidente para atender o chefe do Judiciário. Depois organizam a reunião, modificam a agenda e o roteiro do avião”, disse Imbassahy.

O ministro negou que o encontro tenha sido marcado para tratar da Operação Lava Jato ou de temas como pedaladas fiscais e prestação de contas de campanha. Cardozo, que articulou e participou da reunião, voltou a dizer que o encontro foi para tratar do aumento dos salários do Judiciário.

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Ele alegou ser normal que os chefe de poderes se reúnam independentemente do local. O encontro, segundo ele, foi na cidade do Porto devido a brecha na agenda da presidente e do magistrado. “É surpreendente porque isso acontece diante da proximidade das decisões do TCU e do TSE sobre as pedaladas e sobre as contas de campanha. É claro que por esses motivos as insinuações vem surgindo. O senhor dá sua versão dos fatos, mas não tem como não termos essa preocupação”, rebateu o deputado Bruno Covas (SP).

Existem ações que podem ser legais, mas não morais, alertou o deputado Caio Narcio (MG). Ele cobrou do ministro explicações sobre o teor do encontro, que  inicialmente não fazia parte da agenda oficial. “Por que não estava na agenda? Seria um bate papo informal sobre questões formais?”, indagou o tucano.

REUNIÃO COM ADVOGADOS
Covas questionou o ministro sobre audiências realizadas entre ele e advogados de empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato na sede do ministério. Cardozo explicou que teve apenas uma reunião com advogados da Odebrecht que queriam apresentar duas representações denunciando supostas irregularidades em fatos que envolvem a Lava Jato. O ministro disse que encaminhou uma representação à Polícia Federal e a outra à Procuradoria-Geral da República.  Segundo o ministro, não há nada de errado com o encontro e só nas ditaduras que não se recebiam advogados. “Advogados serão sempre recebidos por mim”, disse.

PEDIDO DE INTERVENÇÃO
Cardozo alegou que nunca recebeu nenhuma orientação da presidente Dilma para intervir, atrasar, impedir ou manipular investigações.  Ação nesse sentido seria um crime, lembrou. De acordo com ele, “Dilma tem pagado um alto preço por sua honestidade”.

O deputado Izalci (DF) lembrou, porém, que o ministro atou como defensor do governo no episódio da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras, aquisição que gerou enorme prejuízo aos cofres públicos. “A informação que temos é que o senhor atuou junto ao órgão na questão de Pasadena. Imagino então que a pressão em relação à Controladoria-Geral da União seja ainda maior”, disse, ao lembrar que a CGU é acusada de ter adiado investigações sobre irregularidades em contratos entre a Petrobras e a empresa holandesa SBM Offshore por suposta pressão do governo no período eleitoral.

ESCUTA EM CARCERAGEM
Questionado sobre a escuta encontrada na cela do doleiro Alberto Youssef, na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, Cardozo disse que há uma sindicância aberta para apurar eventual ilegalidade do grampo e  afirmou que,  se ficar provada a irregularidade, haverá punição aos responsáveis.

O grampo foi encontrado por Youssef em abril de 2014. Na ocasião, a defesa do doleiro relatou que as escutas eram ilegais e feitas em tempo real por meio de um aparelho GSM, que usa chip de celular. No início deste mês, em depoimento fechado na CPI, o agente da PF Dalmey Fernando Werlang e o delegado José Alberto de Freitas Iegas desmentiram a conclusão da primeira investigação interna realizada pela PF ao afirmarem que o grampo estava ativo e foi instalado sem autorização judicial.  

O deputado João Gualberto (BA) alertou para o risco de anulação da Operação Lava Jato, caso se comprove a escuta ilegal. Cardozo disse, porém, que a decisão quanto a isso cabe à Justiça. O tucano afirmou que há uma tentativa de “melar” a operação e a ação da CPI na Câmara por parte de alguns partidos políticos e membros do governo, o que não seria tolerado pelos brasileiros.  “A sociedade entende que estamos diante de grandes esquemas de corrupção e quer que sejam condenados todos os que foram beneficiados com dinheiro público fruto de corrupção. O brasileiro não aguenta mais a corrupção. A soma dela com a má gestão é uma bomba atômica para a população”, afirmou.

Questionado sobre o vazamento de conteúdo de ações sigilosas da PF, Cardozo garantiu que tem determinado a apuração dos vazamentos. “Tenho na Operação Lava Jato inquérito já aberto. Se for detectado o autor desse vazamento, se for da minha órbita ele será punido. É algo absolutamente inaceitável”.   

PRÓXIMOS PASSOS DA CPI
O presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), assinou pedido de condução coercitiva do presidente da Samsung no Brasil, J. W. Kimi. Ele e o presidente da Mitsui, Shinji Tsuchiya, não compareceram ao depoimento marcado para a terça-feira (14). O depoimento de Tsuchiya foi remarcado para o dia 5 de agosto. João Gualberto lembrou que outras pessoas já convocadas precisam comparecer à CPI. O tucano cobrou, por exemplo, a oitiva com o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, que ainda não foi marcada.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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15 julho, 2015 Últimas notícias 3 Commentários »

3 respostas para “Longa história”

  1. Lena disse:

    Os petistas ainda não entenderam: o brasileiro tem cabeça pensante. Quando entenderem isso, irão para Cuba ou Venzuela que parece ser hoje mais atrativo. http://polibiobraga.blogspot.com.br/2015/07/embaixada-do-brasil-em-caracas-mantem.html

  2. Como pode nosso Brasil sobreviver com a forma de governo “República Presidencialista”? Que democracia é essa? O chefe de Governo eleito pelo povo assume também a chefia de Estado? Quem vai punir o mau governo quando necessário? Como podemos aceitar que um Ministro da Justiça que deveria pertencer ao Estado, age de acordo com o interesse de governo? Visite o face book: Círculo Monárquico de Rio Bonito

  3. Roberto disse:

    Ele estará levandovski quanto, para votar contra?

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