Conduta inadmissível

Ida do ex-chefe da Comunicação de Dilma à Câmara foi aprovada horas antes de demissão

Delegado Waldir, Nilson Leitão e Vanderlei Macris na reunião da CFFC nesta quarta-feira.  Documento da Secom que vazou deu embasamento para pedido dos tucanos.

Até então ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Thomas Traumann tinha sido chamado nesta manhã para comparecer à Câmara para prestar esclarecimentos acerca das denúncias de supostas contratações de robôs e financiamentos de blogs para favorecer o governo federal.

Requerimentos de convite a Traumann foram aprovados nesta quarta-feira (25) pelas comissões de Fiscalização Financeira e Controle (CFFCC) e Ciência e Tecnologia (CCTCI). À tarde ele entregou à presidente Dilma pedido de demissão do cargo. O Planalto não informou o motivo da saída e nem o substituto.Via Twitter, Traumann postou uma série de mensagens em forma de poesia alusivas a sua saída. 

Os pedidos foram apresentados pelos deputados Nilson Leitão (MT), Vanderlei Macris (SP), Arthur Virgílio Bisneto (AM) e Bruno Araújo (PE). A ideia era realizar a audiência pública conjuntamente pelos dois colegiados.

Caos político – Em reportagem publicada pelo portal “estadao.com.br”, foi revelada a existência de um documento supostamente elaborado pela Secom, admitindo comunicação “errática” e defendendo mais propaganda em São Paulo. O texto circulou entre ministros, dirigentes do PT e assessores do ex-presidente Lula. A saída de Traumann do governo ocorre uma semana após o vazamento do documento.

Segundo o portal, o texto elenca algumas propostas nitidamente ilegais e imorais. O documento da Secom admite que os ditos “blogs progressistas” atuem de maneira coordenada com o governo. Ressalta, ainda, que os investimentos em comunicação deverão se concentrar na capital paulista em parceria com o prefeito Fernando Haddad, que, assim como a presidente Dilma, tem sofrido com a baixa popularidade.

Os tucanos alertam para a possível contratação de hackers, conhecidos como “robôs”, para atacar sites de oposicionistas, com o objetivo de provocar a derrubada das páginas. Eles ressaltam ainda que indivíduos com conhecimento de computação podem, a partir do Brasil, usar computadores zumbis infectados por vírus ara atacar determinada página sem que os donos dessas máquinas tenham conhecimento. “A prática de difícil comprovação não é fantasiosa. Como exemplo, na última campanha eleitoral para Presidência da República, um vídeo do candidato Aécio Neves foi atacado e derrubado pelo Youtube”, lembram os tucanos.

Para eles, é inadmissível que um órgão oficial se utilize dessa prática, “principalmente se envolver recursos públicos para o pagamento de blogueiros, crackers ou hackers a serviço do governo, ou ainda, que os incentive a publicar matérias favoráveis ao governo e contrárias à oposição, desqualificando totalmente a capacidade informativa da população”, destaca Leitão em seu pedido.  

Bisneto e Araújo dizem que Traumann precisaria informar à comissão as medidas adotadas em relação as denúncias. Já Macris, sustenta em seu requerimento que o ministro tem o dever de se explicar a Comissão de Fiscalização, tendo em vista que “as informações divulgadas são preocupantes e precisam ser esclarecidas”. 

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola)

TEXTO ATUALIZADO ÀS 16H40