Prejuízo considerável


Rombo no Postalis acende sinal de alerta e oposição cobra CPI dos fundos de pensão

Fundo de pensão do Banco do Brasil é um dos que podem ser investigados pela CPI.

Fundo de pensão do Banco do Brasil é um dos que podem ser investigados pela CPI.

O rombo bilionário no Postalis, fundo de pensão dos Correios, trouxe à tona o pedido da oposição de criação de uma CPI dos fundos de pensão de estatais.  O requerimento que solicita a abertura da comissão de inquérito já conseguiu reunir, até a manhã de terça-feira, 114 assinatura, das 171 necessárias. O pedido é assinado pelos líderes do PPS, PSDB e DEM. O intuito é investigar indícios de aplicação incorreta dos recursos e manipulação na gestão de fundos de previdência complementar de funcionários de estatais e servidores públicos.

Os parlamentares pedem que sejam esclarecidos os “prejuízos vultosos” dos planos ocorridos entre 2003 e 2015. Além do Postalis, estão na lista para serem investigadas a Funcef (dos funcionários da Caixa Econômica Federal), a Petros (Petrobras) e a Previ (Banco do Brasil). O documento ressalta que “o aparelhamento político dos fundos de previdência complementar assinala mais um possível foco de corrupção”. 

Postalis – Na edição de hoje, o “Estadão” informou que funcionários dos Correios tentam evitar, por meio de uma batalha judicial e com greves, que os participantes do Postalis tenham uma redução de 25,98% em seus contracheques a partir de abril de 2015 pelo período de 15 anos e meio.

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A conta é resultado de um déficit atuarial de R$ 5,6 bilhões no Postalis – comandado por PT e PMDB – provocado por investimentos suspeitos, pouco rentáveis ou que não tiveram ainda rendimento passado ao fundo. Também sob influência dos dois partidos políticos, a Funcef e a Petros contabilizam prejuízos bilionários.

Na avaliação do deputado Silvio Torres (SP), além de investir na Venezuela, o dinheiro do Postalis também foi usado para aporte financeiro de empresas que passavam por grandes dificuldades. “Isso demonstra a utilização indevida desses recursos atendendo a direcionamento político, do governo”, afirmou. Ele destaca ainda que os grandes prejudicados são os trabalhadores que investiram seus recursos para ter uma aposentadoria que garanta minimamente a sua sobrevivência.

O deputado Luiz Carlos Hauly (PR) diz que assim como destruíram a Petrobras com a má gestão, o governo de Lula e da presidente Dilma estão arruinando os fundos de pensão. “Eles são inconsequentes e irresponsáveis: a mesma incapacidade, a mesma falta de zelo com o dinheiro dos contribuintes”, afirma. Para ele, é preciso responsabilizar, botar na cadeia  esses administradores que causaram um prejuízo ao um fundo de previdência.

hauly e torresO 1º vice-líder do PSDB na Câmara, Nilson Leitão (MT), apresentou requerimento na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara pedindo a convocação do ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, para prestar esclarecimentos sobre o déficit do Postalis. O tucano também solicita audiência pública com o presidente do fundo para debater o assunto. O pedido poderá ser votado na reunião marcada para esta quarta-feira (25).

Teia gigantesca – Personagens já conhecidos no cenário de corrupção no país podem estar por trás, também, da dilapidação do patrimônio dos fundos de pensão. Os parlamentares citam indícios de ramificações do esquema do doleiro Alberto Yousseff na gestão de fundos de previdência complementar que, segundo “O Globo”, têm, juntos, patrimônio de R$ 452 bilhões.

Conforme é destacado no requerimento da oposição, a Polícia Federal encontrou em computadores de pessoas ligadas a Yousseff mensagens que fazem referências à influência do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, em uma aplicação de R$ 73 milhões das fundações Petros e Postalis, feita em 2012, no fundo de crédito Trendbank, que administra fundos de investimentos. Sabe-se que tal aplicação causou grandes prejuízos a esses dois fundos de pensão. De acordo com o “Valor Econômico”, o Trendbank foi fechado em dezembro de 2013 por conta de sua elevada inadimplência. Apenas 1,2% dos ativos da carteira do fundo – que soma R$ 409 milhões – obedeceu às boas práticas operacionais. 

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: George Gianni/ Áudio: Hélio Ricardo)

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24 março, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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