Dinheiro desviado


Esquema de propina na Petrobras foi institucionalizado no governo do PT, afirma Barusco

O engenheiro Pedro Barusco, ex-gerente de Engenharia da Petrobras, disse que a partir de 2004 a propina que recebeu de empresas contratadas pela estatal era “institucionalizada”. Antes disso, os pagamentos foram feitos a ele em caráter pessoal.

O engenheiro Pedro Barusco, ex-gerente de Engenharia da Petrobras, disse que a partir de 2004 a propina que recebeu de empresas contratadas pela estatal era “institucionalizada”. Antes disso, os pagamentos foram feitos a ele em caráter pessoal.

O ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco voltou a confirmar que, a partir da chegada do PT à Presidência da República, o pagamento de propinas se institucionalizou na maior estatal brasileira. Até então, o engenheiro recebi propina em caráter pessoal. Em depoimento à CPI da Petrobras nesta terça-feira (10), o executivo alegou que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, recebeu recursos ilegais no esquema, mas afirmou desconhecer o destino final do dinheiro. “O rótulo era ‘PT’”, resumiu. Entre os possíveis destinos do dinheiro sujo, está a campanha presidencial petista em 2010. 

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Apesar de alegar que Vaccari era o agente do partido de Lula e Dilma no esquema, o executivo disse não ter certeza se o dinheiro da propina era distribuído entre membros do Partido dos Trabalhadores ou ficava apenas com Vaccari. Presente ao depoimento, o líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), disse acreditar ser impossível que toda a ação envolvendo partidos da base aliada do governo não fosse orquestrada por forças externas.

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Barusco afirmou anda que por volta de 1997 ou 1998 já recebia “comissões” ilegais de empresas contratantes da Petrobras. Mas, o depoente alegou que, na época, essa era uma ação pessoal sua. Não havia, segundo ele, participação de outras pessoas. Apenas por volta de 2003 ou 2004 é que vários agentes teriam montado um esquema para se apropriar indevidamente dos recursos.

Para Sampaio, as declarações de Barusco evidenciaram que o esquema criminoso que dilapidou o patrimônio da Petrobras nada tem a ver com governos anteriores ao do ex-presidente Lula.

Tapa na cara do brasileiro – No mesmo sentido, o líder da Oposição, deputado Bruno Araújo (PE), reforçou: “Pedro Barusco demonstra que foi a partir da chegada do PT à Presidência que houve uma institucionalização da propina na Petrobras”. Para o tucano, os números referentes ao esquema são assustadores. “É um verdadeiro tapa na cara do brasileiro”.

Pedro Barusco alega ter acumulado cerca de US$ 100 milhões durante cerca de 10 anos (2003 a 2013) participando do esquema. Segundo ele, o tesoureiro do PT, que tinha “comissão” maior que a sua, pode ter recebido algo em torno de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões. “Mais que um projeto criminoso vemos um enfraquecimento ilícito de uma instituição, que é alarmante”, apontou Bruno Araújo.

Tucanos chegaram cedo e tiveram participação efetiva na reunião da CPI nesta terça.

Tucanos chegaram cedo e tiveram participação efetiva na reunião da CPI nesta terça.

O líder da Oposição falou ainda sobre as propinas recebidas pela Sete Brasil, empresa criada para exploração do pré-sal, conforme declarou o ex-gerente da Petrobras. Segundo Araújo, o esquema era tão escabroso que, além de subtrair recursos da estatal, passou a tirar das empresas privadas. A declaração do tucano foi feita depois de Barusco alegar que houve pagamento de propina na construção de sondas junto aos estaleiros e que os desvios chegaram a “dez milhões”. O tucano cobrou da comissão uma profunda investigação sobre a real composição da empresa Sete Brasil, quem são os verdadeiros sócios e se existem sócios ocultos. 

Para o deputado Vanderlei Macris (SP), tudo leva a crer que o PT era parte do processo ou, pelo menos, condutor. “O Vaccari era o grande operador nesse esquema. Não restam dúvidas da participação do PT. Foi uma questão institucionalizada. Era uma quadrilha montada com planos e propostas de levantamento de recursos sabe-se lá para que”, disse. 

Gasene também foi alvo de propinas – Em resposta ao deputado Bruno Covas (SP),  Barusco disse que as obras do Gasoduto do Nordeste (Gasene) foram alvo de propinas no esquema criminoso que achacou a estatal. Segundo o executivo, ele, Renato Duque e João Vacari Neto foram os receptores desses recursos. Barusco alegou que o representante do PT era o responsável, em nome de seu partido, por receber o dinheiro ilegal.

O depoente negou, porém, conhecer quem mais se beneficiou do recurso após ele chegar as mãos de Vacari e disse não saber se a propina foi distribuída entre petistas. A rede de gasodutos Gasene foi construída por uma sociedade de propósito específico (SPE) estruturada pela Petrobras. 

 

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio e vídeo: Hélio Ricardo) 

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10 março, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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