Presidente sem reação

PT vai contra princípios éticos e morais ao ignorar Petrolão, reprovam deputados

A falta de reação de Dilma e de seu partido é sinal de que a crise na Petrobras se avizinha, cada dia mais, do Planalto e do PT. Ambos ignoram ou simplesmente negam o que ainda chamam de acusações. Isso na semana em que o tesoureiro petista foi levado a depor coercitivamente, um delator acusou a sigla de receber US$ 200 milhões da estatal e a diretoria saiu em debandada.

O cinismo é tão grande que, mesmo diante das gravíssimas denúncias envolvendo o PT, o tesoureiro João Vaccari Neto foi aplaudido em evento realizado pelo partido na quinta-feira (5) e deve ser homenageado durante as comemorações pelos 35 anos sigla. Ele foi levado a depor na Polícia Federal por suspeita de ser um dos principais elos do partido com a organização que desviou bilhões da Petrobras.

O deputado Rogério Marinho (RN) disse nesta sexta-feira (6) que o Partido dos Trabalhadores age contra todos os princípios éticos e morais. Em vez de anunciar punição dos que estão sendo pegos em atos de corrupção, teimam em tratar essas figuras como se fossem heróis partidários. Repetem, segundo ele, o mesmo que fizeram com o mensalão, quando figurões como “Delúbio, Genuíno e Zé Dirceu foram saudados pela militância como heróis nacionais”.

“A ‘ética’ do PT é uma ética própria, onde o fim justifica os meios e é possível, e recomendado, corromper e desviar recursos públicos desde que seja em nome da ‘causa’. Há uma subversão do conceito de moralidade”, alerta o tucano. Marinho afirma que a sociedade quer passar o país a limpo.

Para Marinho, é preocupante a forma como o Planalto tenta conduzir a situação. Assim como seu partido, Dilma, que sempre esteve à frente da estatal – seja como presidente do Conselho, ministra da Casa Civil ou presidente da República –, tenta minimizar o escândalo. Na posse de um ministro nessa semana, discursou por dez minutos e não tocou no assunto. Nem sequer para dizer, como outras vezes, que estava fazendo o possível para que os culpados fossem punidos. Talvez porque os culpados estejam muito próximos a ela. A petista, como se nada estivesse acontecendo, se resumiu a exaltar a importância do pré-sal.

“Podridão” foi a palavra usada pelo deputado Antonio Imbassahy (BA) para definir a situação. Ele lembrou que o ministro das Relações Institucionais, Pepe Vargas, da cota pessoal da presidente Dilma, disse “não haver o menor constrangimento” quanto a denúncia de que o PT recebeu de US$ 150 a US$ 200 milhões de propina da Petrobras. “Mais do que imoral e mau caráter, deixa claro que esse governo é amoral e sem caráter. Vamos aguardar o que a presidente Dilma e o seu ‘chefe’ irão dizer hoje na festa de comemoração dos 35 anos do PT”, postou o deputado em sua página no Facebook.

AMEAÇA – Rogério Marinho disse ainda que a forma como líderes petistas se referem à condução das investigações pelo juiz Sérgio Moro configura uma ameaça ao Estado Democrático de Direito. Dirigentes da sigla questionam a condução da Operação Lava Jato e levantam dúvidas sobre a imparcialidade do magistrado. Para o tucano, “o PT tem tentado desmoralizar aqueles que se opõem a suas práticas danosas”.

FRASE –  “O PT, desde o início de seu governo, instituiu a corrupção como método, uma estratégia institucional do partido. Ao longo dos 12 anos no poder esse método se estratificou em toda Petrobras e, tudo nos leva a crer, que acontece em diversas outras instituições.”
Deputado Rogério Marinho (RN)

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)