Mais um calote nos brasileiros, por Vanderlei Macris

O péssimo gosto dos petistas em brincar de governar não tem tamanho. Agora, o governo está com dificuldades para fechar as contas e, desta maneira, diminuiu a quantidade de restituições no primeiro lote do Imposto de Renda. O valor a ser repassado ficou 28% abaixo dos R$ 2,7 bilhões referentes ao primeiro lote do exercício de 2013.

Segundo o economista Thiago Biscoula, da RC Consultores, em entrevista ao jornal Correio Braziliense, o montante ficou muito abaixo do esperado e “mostra que o orçamento fiscal anda meio apertado”. O valor liberado neste primeiro lote de restituição é o segundo menor desde 2011.

A devolução do capital, que poderia aumentar o estímulo na economia brasileira, servirá para aumentar o caixa do governo Dilma Rousseff. O professor de Finanças Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV) Fernando Zilveti, informou que essa retenção dos recursos é usual para se fazer “caixa”, “especialmente em um ano em que o governo nunca dependeu tanto da arrecadação do Imposto de Renda porque as despesas continuam muito elevadas”. De acordo com ele, deve ser uma estratégia para cumprir a meta fiscal. “Mas isso é muito triste porque já não seria uma contabilidade criativa, mas um calote criativo”.

Para muitos brasileiros, a restituição é usada para pagamentos de contas e compras essenciais para a sobrevivência das famílias. Agora, os que se programaram e anteciparam a declaração do imposto terão que aguardar os próximos lotes. Até quando, não se sabe. Dependerá da “boa vontade” dos homens de confiança da presidente da República.

A incapacidade do governo Dilma não tem medida. Ainda mais porque pouco afeta diretamente o governo. Lesa frontalmente os cidadãos que sofrem com a inflação, com a falta de recursos para a Infraestrutura, para a Educação, a Saúde e, em especial, padecem com o descaso. Tanta desconsideração é contraditória. O Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) registrou até o dia 13 de junho a arrecadação de mais de R$ 721 bilhões. Esse é o valor pago por todos nós brasileiros em tributos: impostos, taxas e contribuições, incluindo multas, juros e correção monetária. Ainda assim, este governo “precisa” fazer “caixa”.

A carga tributária brasileira é a mais pesada e mais alta entre os países emergentes. Maior, também, do que a dos Estados Unidos e do Japão, que são grandes potências. A nossa carga tributária é de 35% do PIB. Ou seja, os cofres públicos arrecadam mais de um terço do que o Brasil produz. Mais desastroso é que esse valor não volta para a sociedade como serviços públicos de qualidade. Sem essa atenção, o Brasil não poderá contar com o crescimento decente que os cidadãos tanto aguardam. Mas claro, está tendo Copa.

 (*) Vanderlei Macris é deputado federal pelo PSDB-SP e 1º vice-líder do partido na Câmara dos Deputados. (foto: Alexssandro Loyola)