Rebelião da base


Congresso acorda para os desmandos de Dilma e retoma papel fiscalizador, dizem deputados

A crise que envolve os partidos da base do governo tem origem na falta de coordenação política e no tratamento equivocado por parte da presidente Dilma. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vê nesse 13115312565_192e8465c0_bdesgaste o resultado de anos de autoritarismo com decisões tomadas “às margens da sociedade e do Congresso”. Deputados do PSDB afirmam que o Parlamento acordou depois de se submeter às vontades do Planalto por longo tempo. Com a rebelião de partidos da base, dez ministros e a presidente da Petrobras terão que ir à Câmara dar explicações.

Durante evento em comemoração aos dez anos do Plano Real, Fernando Henrique disse que a administração Dilma esvaziou o debate público e levou a agenda política “a ser como no regime militar”. Segundo ele, “é necessária uma radicalização da democracia”. “E isso implica uma revisão do Estado, porque esse Estado não é democrático. É autoritário. Há eleições, há liberdade de expressão, mas o processo de tomada de decisão se faz à margem do Congresso e da sociedade”, afirmou. Para ele, o Congresso perdeu sua voz política e agora está dizendo que existe.

Play

Para o líder da Minoria, deputado Domingos Sávio (MG),  o Congresso voltou nesta semana a cumprir seu papel, de maneira firme e independente.  Exemplo disso foi a convocação de ministros, fato raro nos últimos tempos, e a criação de comissão externa para investigar denúncias de corrupção na Petrobras.

“É claro que sempre deverá ser palco de calorosos debates, de divergências de opinião e, se assim não o for, a própria democracia estará seriamente comprometida e, infelizmente, era o que vinha ocorrendo em alguns momentos com o Parlamento se calando e deixando de cumprir a sua missão de uma forma soberana e independente, como prevê a nossa Constituição”, disse o tucano durante discurso nesta quinta-feira (13).

O deputado Carlos Brandão (MA), autor de requerimento aprovado ontem na CFFC de convocação ao ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, afirma que a rebelião de partidos da base acontece por falta de diálogo com o governo. “O governo interrompeu a interlocução com o Congresso até porque já vinha fazendo uma interlocução muito mal feita, sem honrar os compromisso nem dar atenção à classe política. Os interlocutores não têm autoridade para resolver nada”, aponta.

Além da incapacidade gerencial que marca a gestão Dilma, os partidos da base começaram a sentir que a incapacidade também é política. “A classe política precisa atender sua base, levar as obras de emendas para sua região, mas está sendo mal tratada e por isso reagiu, sem saber se é realmente aliada ou adversária”, disse.

A crise, de acordo com o tucano, serviu para que finalmente o Congresso possa exercer a prerrogativa de fiscalizar, que há muito era impedida pela blindagem ao governo durante votações. Para ele, a tendência é de que a conturbada relação de Dilma com os “aliados” se agrave ainda mais, pois a presidente não tem capacidade de dialogar.

 “Numa democracia é preciso aprender a ganhar, perder, ceder, desde que o objeto maior seja o desenvolvimento do país, as conquistas para a nação. Ela já não conseguia tocar projetos devido à incapacidade gerencial. Tendo o Congresso contra ela será ainda pior”, alertou.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

Compartilhe:
13 março, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *