População espera água

Transposição: obras em ritmo lento são propagandeadas como avanços do governo, critica Araújo

A obra de transposição do rio São Francisco é exemplo das marcas registradas da gestão do PT: morosidade e a ineficiência. O deputado Bruno Araújo (PE) criticou nesta segunda-feira (21) a lentidão do Planalto em empenhar recursos e concluir a construção. Enquanto os canteiros continuam parados, o governo anuncia avanços e afirma que o empreendimento segue em bom ritmo.

No 8º balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) divulgado pelo Ministério do Planejamento na semana passada, o governo afirma que “as obras do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco já voltaram a apresentar bom ritmo de andamento e, no Eixo Leste, foram contratadas todas as obras remanescentes”. No entanto, o primeiro canal da transposição, que inicialmente seria inaugurado pelo ex-presidente Lula em 2010, avançou apenas 1% no último ano e não ficará pronto até o fim do mandato de Dilma, conforme destacou a “Folha de S.Paulo” no último sábado.

A distância entre a realidade e o discurso oficial é tão grande que, apesar das obras caminharem a passo de tartaruga, as páginas 186 e 187 do balanço mostram tanto o Eixo Leste quanto o Oeste com o selo verde de “adequado”.  

“A diferença entre a propaganda e as ações está cada vez mais clara para a população, sobretudo para o povo do Nordeste”, alertou Araújo, ao lembrar que os habitantes do semiárido esperam há anos a promessa feita pelo PT se cumprir, enquanto convivem com a seca e a miséria.

Principal obra do PAC, transposição teva custo ampliado para R$ 8 bi. Mas nordestinos terão que esperar até 2015, na melhor das hipóteses, até a água chegar.

O Eixo Leste, iniciado em 2007 para cortar Pernambuco e Paraíba, somente deverá ser entregue em dezembro de 2015, segundo a previsão oficial do próprio governo. O Eixo Norte, que cruza Pernambuco, Ceará e Paraíba, também está com entrega prevista para o final de 2015.

Cerca de 12 milhões de habitantes da região esperam pela conclusão dessas obras para terem água acesso à água, sobretudo nos períodos de estiagem. Mas, para Araújo, os nordestinos já entenderam que o governo não tem se esforçado para cumprir o que prometeu. “A população já entende que temos um governo da propaganda e outro das ações, mas esses dois estão cada vez mais distantes”, apontou.

Até novembro do ano passado, o governo federal prometia os 217 km do Eixo Leste da transposição para dezembro de 2014, com percentual de execução à época em 51%. De acordo com os balanços divulgados do PAC, ao longo deste ano o percentual não saiu da marca de 52% desde fevereiro. Mesmo com a estagnação, o Ministério do Planejamento mudou o ritmo das obras do estágio de “atenção” para “adequado”. O Eixo Norte saiu de 34% para 43% de execução.

Além disso, os gastos com as obras só aumentam. Quando o empreendimento foi lançado, em 2007, a previsão era que seriam gastos R$ 4,6 bilhões e a conclusão seria em 2012. A previsão agora é de entrega no último dia de 2015, num custo total de R$ 8,2 bilhões.

“Essas obras, além de alcançarem o dobro do orçamento inicialmente previsto, têm um cronograma que, se continuar no ritmo que está, possivelmente teremos ainda mais uma década de obras pela frente”, lamentou Araújo.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)