Sem rumo

 The Economist acerta ao atribuir mazelas do país ao descaso da gestão Dilma, acreditam tucanos

A realidade que o governo tenta esconder ou finge não ver foi revelada ao mundo pela principal publicação de economia. A “The Economist” dedicou 14 páginas de sua atual edição para mostrar as mazelas do Brasil e resumiu a falta de rumo do país como culpa da gestão Dilma. Segundo a revista britânica, que há quatro anos saudava a decolagem do desenvolvimento nacional, hoje o que se tem é um governo que afastou investidores, não fez reformas, manteve uma carga tributária pesada e sequer sanou os graves problemas de infraestrutura.

Para o deputado Domingos Sávio (MG), a publicação traduz de forma clara a realidade. Em sua avaliação, o Brasil tem perdido competitividade nos mercados mundiais. “É um país que não consegue ser exportador de manufaturados, apenas volta a ser um exportador só de commodities e com déficit na balança comercial. Sem falar nos equívocos da política econômica em relação ao dólar”, lamenta.

Investimento precário, gasto público excessivo, descuido com a educação, tributos que sufocam e o alto custo são alguns dos exemplos citados pela revista. Segundo a reportagem, o país estragou tudo. Isso após uma fase de pujante crescimento. Mesmo avaliando que os problemas, em sua maioria, vêm de longa data, “The Economist” afirma que a presidente Dilma conseguiu tornar a situação bem pior por não enfrentá-los. A petista “afastou investidores de projetos de infraestrutura” e “minou a reputação conquistada a duras penas” na gestão macroeconômica.

Como resume o ITV em referência à reportagem, um dos itens negativos é o investimento em infraestrutura, equivalente a 1,5% do PIB, enquanto a média global é de 3,8%. Uma das consequências nefastas do desleixo são os custos de logística: a precariedade de nossas estradas faz com que 25% do valor da produção de soja do Mato Grosso, por exemplo, seja gasto no transporte até o porto. Enquanto isso, um concorrente americano dispende apenas 9%.

Os grandes projetos do PAC são apresentados pela revista como obras com “anos de atraso e muito acima do orçamento”. Não espanta que tenhamos a 114ª pior infraestrutura entre 148 países analisados pelo Fórum Econômico Mundial. Para recuperar o terreno perdido, o Brasil precisaria triplicar seus investimentos anuais no setor durante 20 anos.

O deputado Valdivino de Oliveira (GO) lembra que o PSDB vem alertando para a má condução da economia há bastante tempo. “Os dois últimos pibinhos fizeram com que o nível de confiança do investidores esteja sempre em xeque. Os que decidem por investir pensam duas vezes porque não veem o país crescer com o vigor que antes se apregoava”, destaca.

O deputado concorda com a reportagem quando diz que o caminho adequado passa  pela necessidade de promover reformas. Para a publicação britânica, é necessário redefinir o gasto público, tornar os negócios no Brasil mais competitivos e encorajar os investidores a voltar a acreditar no país.

 “O governo não avançou em nenhuma reforma, seja ela política, administrativa ou tributária. É necessário construir um novo pacto federativo e o Planalto tem medo disso: medo de perder receitas e o domínio político, pois enquanto concentra tudo, os prefeitos e governadores vivem em busca de recursos e o governo não quer acabar com isso”, alertou o tucano.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Reprodução/ Áudio: Elyvio Blower)