Ingerência


Descaso do Executivo federal com setor energético custa caro ao país9923048164_14237bd0cd_b

Em discussão promovida nesta terça-feira (24) pelas comissões de Finanças e Tributação e de Minas e Energia sobre o mercado de gás natural, deputados do PSDB demonstraram preocupação com a área e defenderam mais planejamento. Representantes do setor produtivo fizeram a mesma cobrança e reclamaram de problemas causados pela ingerência do governo federal e das consequências do monopólio da Petrobras e da falta de expansão do mercado.

O deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP), um dos autores do requerimento para realização da audiência conjunta, diz que a falta de planejamento vem custando muito caro ao país. Para ele, a incompetência é marca registrada do governo federal. “Não se criou um mercado livre para o gás. não se faz um estudo para ampliar a rede de gasodutos e não há um grupo de trabalho para discutir como aumentar a competitividade das empresas disponibilizando mais gás. Sem falar que estamos há cinco anos sem uma licitação de petróleo”, pontua.

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Para o deputado, o leilão do campo de Libra, o primeiro que vai conceder áreas para exploração de petróleo e gás natural na região do pré-sal sob o regime de partilha de produção, será um fracasso. A expectativa é que a produção seja de 1 milhão de barris por dia na maior reserva de petróleo já descoberta no país. “Uma só empresa participando. Significa que tivemos cinco anos perdidos. Nesse período a Petrobras conseguiu perder 70% de seu valor patrimonial e isso é um desastre decorrente da incompetência do atual governo, que não consegue suprir as necessidades do setor energético”, lamentou.

O deputado Antonio Imbassahy (BA) disse sentir profunda tristeza pelo que vem acontecendo com o setor energético desde o governo Lula. “Hoje vemos o uso partidário e político da Petrobras no sentido de ter se tornado uma empresa que serve mais como marketing eleitoral do governo. Minha tristeza aumenta ainda mais porque tínhamos esperança em relação ao campo de Libra”, ressalta.

Um dos expositores da audiência, Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), afirmou que a política brasileira não deveria ser reativa. “Se não quisermos ficar à margem da revolução energética que o mundo está vivendo, temos que ter planejamento, menos monopólio e mais mercado”. Representantes do governo, Petrobras e Agência Nacional de Petróleo (ANP) não convenceram os tucanos sobre o “sucesso” das ações no setor energético.

Para Imbassahy, o cenário é desalentador. Se eu fosse um investidor, sairia do Brasil porque é um emaranhado de obstáculos, equívocos, atrasos e falta de clareza nas posições do governo no setor de petróleo e gás”, disse.

 O presidente-executivo da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia, representando o Fórum das Associações Empresariais Pró-Desenvolvimento do Mercado de Gás Natural, Reginaldo Medeiros, informou que o gás em São Paulo aumentou 46% para o setor cerâmico. O resultado foi a quebra de várias fábricas. “Muitas estão saindo do país. Tem que ter uma política clara para o preço da molécula. Enquanto não houver uma competição efetiva, não vai adiantar ter uma diretriz para os preços. Deve haver ainda uma uniformização das regulamentações estaduais”, cobrou.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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24 setembro, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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