Milhões no escuro


Gomes de Matos culpa omissão do governo por dimensões gigantescas de apagão no Nordeste

O deputado Raimundo Gomes de Matos (CE) alertou para a ausência de gestão no setor elétrico e culpou a omissão do governo em obras de manutenção e prevenção pelo apagão que atingiu a região Nordeste na quarta-feira (28). O blecaute de dimensões gigantescas, que deixou pelo menos 16 milhões de pessoas no escuro e causou prejuízo de R$ 385 milhões, poderia ter sido evitado. Mas os investimentos no setor se arrastam e especialistas alertam que apenas uma pequena área teria sido atingida se houvesse gestão eficiente.

“Mais uma vez está demonstrada a falta de planejamento do sistema energético do país. Não se pode justificar que um mero incêndio gere um grande problema como esse”, destaca Gomes de Matos. A explicação oficial é de que o apagão ocorreu graças a uma queimada no interior do Piauí, mas especialistas afirmam que esse tipo de blecaute deveria ficar restrito a um estado, no máximo. Na avaliação os técnicos, houve falha na coordenação do sistema, de responsabilidade do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

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“As ações preventivas e de manutenção não são feitas. Querer dizer agora que foi só por causa do incêndio? Houve sim a queimada, mas também não houve manutenção e nem prevenção”, alerta o deputado. Dados do próprio Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE, órgão que reúne os agentes públicos do setor) demonstram que 66% dos 25.595 quilômetros de linhas de transmissão em obras no país estão atrasados.

Gomes de Matos afirma que a maioria das obras “tão badaladas” pela presidente Dilma não passam de figuras decorativas de publicidade.  “Muitas delas, seja construção de barragens, linhas de produção, torres de energia eólica ou parques de energia solar, demonstram que o país continua num marasmo de desenvolvimento”, lamenta, ao cobrar mais investimentos e atenção para um setor que já foi gerido diretamente pela presidente Dilma (ex-ministra das Minas e Energia).

”O fato é que querem justificar algo injustificável. O que se pode afirmar categoricamente é que há falta de supervisão, coordenação, prevenção e gestão. isso já está consagrado na gestão de Dilma e sua equipe e tem gerado inúmeros problemas para o país, e não só nessa área”, aponta o tucano.

De acordo com a Aneel, desde 2009 o país convive com um patamar de queda de energia acima do limite recomendável. No ano passado, foram 18,65 horas no escuro, nível que só não foi superior ao registrado em 2009 (18,77 horas). O máximo aceitável em 2012, conforme os parâmetros da agência de energia, era de 15,87 horas.

Como lembra o Instituto Teotônio Vilela (ITV), são muitos os exemplos de deficiência de planejamento no setor elétrico: as usinas eólicas instaladas na Bahia e no Rio Grande do Norte estão impossibilitadas de produzir porque não têm linhas de distribuição; as hidrelétricas do Madeira, que só geram 1/3 do que poderiam porque também não têm equipamentos adequados; a linha de transmissão (Tucuruí-Macapá-Manaus) que deveria assegurar o suprimento da região Norte, mas não funciona.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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30 agosto, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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