Crise na base


Tucanos: insatisfação da base aliada é fruto da falta de resultados e da baixa credibilidade do governo

O retorno das votações do Congresso nesta semana após o recesso branco deve ser marcado pela evidente crise que afeta o governo e sua base aliada. Os deputados Wandenkolk Gonçalves (PA) e Cesar Colnago (ES) afirmam que a falta de resultados e a insatisfação da sociedade com a gestão Dilma Rousseff são fatores que contribuem para a debandada dos parlamentares que outrora se declaravam leais ao governo petista. Tendo em vista que o início do segundo semestre será marcado por votações importantes no Parlamento, o desespero no Planalto cresce.

A presidente Dilma se reúne nesta segunda-feira (5) com líderes dos partidos aliados para tentar um acordo em relação aos temas pautados na Câmara e no Senado. Na lista das matérias polêmicas estão a PEC do Orçamento Impositivo, que determina a execução das emendas parlamentares, e a ameaça de derrubada de vetos que provocam impacto nas contas públicas. Entre eles, o que manteve a cobrança do adicional de 10% do FGTS nas demissões sem justa causa, que assegura R$ 3 bilhões por ano aos governo. Na tentativa de agradar aliados, a presidente prometeu na última semana liberar R$ 6 bilhões em emendas até o final do ano.

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Para Wandenkolk, a presidente terá que se esforçar bastante. “Ou ela faz uma aliança com o Congresso para buscar os objetivos comuns da sociedade ou vai continuar obtendo derrotas históricas no Congresso e despencando na credibilidade do povo brasileiro”, alertou.

O deputado avalia que em função das manifestações de rua, a base aliada começou a refletir sua relação com a sociedade e, diante das pesquisas que mostram a queda na aprovação do governo e a insatisfação geral do povo brasileiro, “a ficha caiu no Congresso”. “A presidente é autoritária, mas nem mesmo com uma base tão ampla consegue mais impor seu autoritarismo que tem por trás Lula e José Dirceu”, avalia.

Colnago avalia que durante anos o governo vendeu uma imagem que não condizia com a realidade, até que o povo foi às ruas e denunciou o descaso com a saúde, a educação, a segurança e o transporte. “Uma gestão que se enfraquece acaba perdendo apoio da sua base. É natural”, aponta.

Segundo o jornal “Folha de São Paulo”, Dilma tem a base parlamentar mais indisciplinada desde a redemocratização do país. De acordo com o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, no primeiro semestre os partidos aliados acompanharam a orientação do Planalto em somente 69% das votações. Nem Lula em seus piores momentos foi tão mal.

Neste ano, a presidente assiste ao esfacelamento do “núcleo duro” de deputados fiéis a seu governo na Câmara. O bloco, que já foi formado por 17 partidos, hoje abriga só petistas e remanescentes de mais sete legendas. Formado pelos que votam com o governo 90% das vezes ou mais, o “núcleo duro” era integrado em 2011 por 306 dos 513 deputados. Desde então, o número encolheu e, agora, se resume a 101 deputados, segundo o Basômetro, ferramenta online do ‘’Estadão Dados’’ que mede a taxa de governismo do Congresso.

Como ressalta o “Valor Econômico”, os próprios petistas consideram que os aliados certos atualmente seriam apenas 25 no Senado e 120 na Câmara. No início do mandato, Dilma contava com o apoio de 62 dos 81 senadores e 400 dos 513 deputados.

Wandenkolk acredita que as matérias a serem votadas nos próximos dias estremecerão ainda mais nessa relação. “O Orçamento impositivo vai esfacelar a base aliada”, avalia. 

Já Colnago afirma que o antigo modelo adotado pela petista de tentar desgastar os parlamentares até conseguir apoio em votações já não funciona mais. Na avaliação do tucano, isso acontece porque o governo não apresenta resultados. Para ele, é normal que a base queira desvincular sua imagem de um governo que não corresponde às promessas feitas.

“A resposta da presidente Dilma às reivindicações sociais foi pífia e desfocada da realidade. Ela não mexeu nas estruturas que poderia. Em nada se viu ela agir, apenas manobrar, pensando que a população ia ceder ou recuar, mas o povo está atento. Como não há resultados, a tendência é a base esfacelar”, destaca o parlamentar capixaba.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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5 agosto, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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