Estrutura inflada


Defesa do PMDB por redução de ministérios evidencia crise e divisão no governo Dilma, avalia deputado

O deputado Dudimar Paxiúba (PA) considerou dúbia a defesa feita pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, de redução drástica de ministérios no governo Dilma. Em entrevista ao “Uol” e à “Folha de S.Paulo”, afirmou que o número de pastas deveria cair de 39 para 25. O tucano concorda com a diminuição da estrutura, mas chama a atenção para a incoerência dentro do governo, já que o partido de Alves – e do vice-presidente Michel Temer – é um dos mais beneficiados com a máquina governamental inflada.

Presidente da Câmara sugere corte na Esplanada de 39 para 25 ministérios; PT vem defendendo manutenção de estrutura inchada para abrigar "companheiros".

“É estranho e soa de forma casuística essa posição agora exposta pelo PMDB, que nunca se manifestou a favor de redução de ministérios. É até paradoxal”, resume Dudimar, ao lembrar que o partido de Alves e Temer comanda seis pastas.

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O deputado destaca que as siglas de oposição têm defendido há muito tempo o enxugamento da máquina pública e dos gastos correntes. Governo e aliados ignoraram até então as propostas, como a de reengenharia administrativa apresentada pelo PSDB ao Palácio do Planalto no começo do ano passado. Em manifesto divulgado em junho, PSDB, DEM e PPS também sugeriram a redução pela metade de ministérios e cargos comissionados.

Dudimar avalia que há uma crise latente dentro do governo. As divergências nesse tema podem ser mais um capítulo da crise. No inicio do mês, a presidente Dilma divulgou nota descartando a possibilidade de mudanças em seu governo. “Não procedem as especulações de mudanças ministeriais”, afirmava o texto.

Dias depois o presidente da Câmara defende o corte e afirma que o vice de Dilma está de acordo com ele. Em seguida, a ministra Ideli Salvatti diz à imprensa: “não consigo vislumbrar nenhuma modificação na estrutura de governo feita pela presidente Dilma. Eu quero inclusive avaliar, eu quero perguntar melhor para o PMDB no que consiste essa proposta. Até porque eles ocupam seis ministérios. Eu vou pedir para o Henrique [Eduardo Alves] detalhar essa proposta", 

“Estão batendo cabeça. Se o PMDB realmente expressa o que quer, então está contra o partido da presidente. Ou está jogando para a plateia. Que aliança então é essa? Não sabemos onde isso vai parar”, ressalta.  

O deputado ressalta que de fato o país precisava vivenciar uma alteração na estrutura pública. A redução no número de ministérios e o corte de gastos é essencial e vai ao encontro das vozes das ruas, na avaliação do tucano. O governo possui 984.330 servidores, com custo anual de R$ 192,8 bilhões. O custeio de todas as pastas – sem considerar investimentos – é de R$ 611 bilhões. O número de pessoas com cargo comissionado bate recorde: 22.417.

Durante a entrevista de Alves ao repórter Fernando Rodrigues, ele deixou a entender uma insatisfação com a atual gestão de Dilma Rousseff. Segundo ele, está faltando boa política e “não há uma boa gestão sem uma boa política”.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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18 julho, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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