Parlamentares insatisfeitos


Marcado pela falta de diálogo, governo Dilma gera insatisfação e entra em crise com base aliada

O deputado Alexandre Toledo (AL) afirmou nesta sexta-feira (12) que o modelo de barganha adotado pelo governo petista com distribuição de cargos em troca de apoio no Congresso começa a se esvair. O tucano avalia a crise entre o Planalto e a base aliada no Legislativo como um reflexo da insatisfação com a gestão da presidente Dilma Rousseff. O problema não parte só das ruas, como demonstrado nas manifestações populares, mas também dos próprios congressistas, descontentes com anos de sujeição às vontades governistas.

“Esse era um modelo que vinha se sustentando devido às pesquisas de opinião pública que mostravam que a sociedade estava satisfeita. Isso mudou. O povo foi às ruas e mostrou que esse modelo está fadado ao insucesso”, destaca Toledo.

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Para o deputado, o governo Dilma é marcado pela falta de diálogo tanto com a sociedade quanto com seus representantes no Parlamento, razão da queda no apoio.

“A presidente está com dificuldade para conversar com o povo e também com a sua base, que começa a visualizar a distância entre o governo e o povo. A eleição se aproxima e essa mesma base percebe desde agora que o governo não está sintonizado com as necessidades do Brasil. É um ciclo que está chegando ao final”, disse.

Na última quarta-feira (10), o discurso do líder do PT na Câmara, deputado José Guimarães (CE), foi mais um elemento da crise na base aliada. Além da derrota política imposta ao Planalto na votação dos royalties do petróleo (foto), o Congresso se impôs ao aprovar uma nova regra para apreciação de vetos e por ter definido a análise da PEC do Orçamento Impositivo em comissão especial.

Em pronunciamento, Guimarães disse ser necessário “rediscutir a base”. “Essa derrota é simbólica para nós, e eu não quero me omitir neste momento. Eu quero discutir quem é base e quem não é, quem tem cargo no governo e quem não tem”, disse. O discurso soou como uma ameaça aos partidos que possuem cargos na Esplanada, mas votaram contra o Planalto.

O líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP), afirmou que irá protocolar requerimentos de convocação da ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) nas Comissões de Constituição e Justiça e de Fiscalização Financeira e Controle para que ela dê esclarecimentos sobre a forma de fidelização adotada pelo governo do PT em relação à sua base de apoio no Congresso. O pedido será feito à Ideli, por ela ser a ministra responsável pela articulação entre o governo e a base aliada. Para ele, o discurso do líder petista foi uma ameaça aos partidos e significa que “Dilma distribui cargos para, em seguida, sem nenhum pudor, cobrar a fatura por meio do seu Líder na Câmara. É uma espécie de mensalão via holerite”.

Para Toledo, a atitude de Guimarães foi de total desrespeito. “Isso mostra o desrespeito do governo com a população e com seus representantes. Acham que cargo é compra de parlamentar, que cargo é silêncio ou não manifestação dos parlamentares. Se os parlamentares da base permitirem isso estarão mostrando que, de fato, esses cargos são instrumento de compra de votos no Congresso Nacional”.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Laycer Tomaz/Câmara dos Deputados/ Áudio: Hélio Ricardo)

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12 julho, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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