Modelo esgotado
Imbassahy condena envolvimento da Petrobras em mais um caso suspeito, desta vez na Argentina
Os problemas envolvendo a Petrobras estão longe de chegar ao fim. Se não bastasse o desperdício de recursos com refinarias – como nas unidades de Pasadena (EUA) e Abreu e Lima (PE) -, a empresa, que deveria ser patrimônio do povo brasileiro, está envolvida em mais um negócio suspeito. Trata-se da venda de grande parte do patrimônio no exterior, incluindo refinarias, poços de petróleo, equipamentos, participações em empresas e postos de combustível.
O executivo Carlos Fabián, do grupo argentino Indalo, fechou a polêmica venda. Em visita sigilosa no Rio de Janeiro, ficou negociada a compra de metade do que a estatal tem na Petrobras Argentina, a Pesa. O acordo foi confidencial e fechado entre as duas partes há um mês. Nele, prevê-se que a Indalo pagará US$ 900 milhões por 50% das ações que a Petrobras possui na Pesa. A informação é da revista “Época”. A empresa aplicou pelo menos US$ 5 bilhões na Petrobras Argentina e agora cogita vendê-la por menos de US$ 1 bilhão.
O deputado Antonio Imbassahy (BA) criticou a gestão petista por mais esse caso suspeito. “É triste ver a Petrobras ocupando novamente o noticiário com informações dessa natureza. Agora trata-se de um acordo confidencial, feito no âmbito da presidência da própria Petrobras – uma espécie de feirão”, reprovou o tucano nesta segunda-feira (1º).
No início de março, a Comissão de Segurança Pública acatou requerimento de Imbassahy e do deputado Fernando Francischini (PEN-PR) pedindo a participação da presidente da companhia, Graça Foster, para explicar a compra da refinaria de petróleo em Pasadena (EUA), em 2006. Com o novo episódio, o tucano considera fundamental obter novas explicações.
Com o feirão, chamado no jargão da empresa de “plano de desinvestimentos”, a Petrobras espera arrecadar cerca de US$ 10 bilhões. A Gerência de Novos Negócios reporta-se diretamente à Graça Foster. Ela acompanha cada oferta do feirão.
A Petrobras não é a única dona da Pesa: 33% das ações são públicas, negociadas nas Bolsas de Buenos Aires e de Nova York. A Indalo se tornará dona de 33% da Pesa, será sócia da Petrobras no negócio e, segundo o acordo, ainda comprará, por US$ 238 milhões, todas as refinarias, distribuidoras e unidades de petroquímica operadas pela estatal brasileira – em resumo, tudo o que a Petrobras tem de mais valioso na Argentina.
Imbassahy lamenta o fato de a estatal começar a vender as coisas boas que possui. “As coisas ruins que comprou, como a refinaria de Pasadena, que já tem prejuízo calculado em US$ 1,18 bilhão, a empresa não consegue vender. É um negócio misterioso. É preciso ter informações para que a população saiba exatamente o que acontece na administração petista”, ressaltou.
Por fim, o deputado defendeu mais uma vez a preservação da estatal. Segundo ele, é preciso proteger os acionistas e a população brasileira da administração petista. O novo episódio só reforça que o modelo de gestão adotado pela companhia está esgotado. “São casos escabrosos que acontecem e continuam a acontecer na Petrobras”, finalizou.
Desperdício de dinheiro
→ Além do caso de Pasadena (EUA), com prejuízo superior a US$ 1 bilhão, no Brasil, a estatal também desperdiça muito dinheiro. Análise da construção da refinaria Abreu e Lima (PE) revelou que a empresa perderá pelo menos R$ 505 milhões com os quatro principais contratos do projeto, que somam R$ 10,8 bilhões. A informação é do jornal “Folha de S.Paulo”.
→ A revista também mostra que empresários amigos do PT estão prestes a abocanhar nacos polpudos da Petrobras na África, como a produção e exploração de petróleo em Angola, Benin, Gabão, Líbia, Namíbia, Nigéria e Tanzânia, segundo o Instituto Teotônio Vilela (ITV).
(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)
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