Construção sem fim


Incompetência petista fica evidente com deterioração e atrasos nas obras da ferrovia Norte-Sul

A incompetência do governo federal em tocar grandes obras torna-se cada vez mais evidente. Exemplo claro da leniência do Planalto com os empreendimentos é a ferrovia Norte-Sul que, de acordo com promessa do ex-presidente Lula, deveria estar pronta desde 2010 para ajudar no escoamento da produção do Centro-Oeste. O Tribunal de Contas da União (TCU) constatou a deterioração de grandes trechos da obra devido à erosão por conta da falta de drenagem. Os problemas encontrados custarão mais de R$ 400 milhões aos cofres públicos.

De acordo com auditoria do TCU, em vários trechos os dormentes – peças de madeira que sustentam os trilhos – estão completamente deteriorados, mesmo sem terem recebido uma locomotiva sequer. O órgão deu prazo de 60 dias para que a Valec, estatal federal responsável pela construção da ferrovia, corrija a situação.

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Para o deputado Raimundo Gomes de Matos (CE), esse é mais um exemplo incapacidade gerencial do governo petista. “Tudo passa pela ausência de planejamento. Observamos má qualidade dos serviços e também improvisação de ações”, aponta. Em sua avaliação, obras como a Norte-Sul serviram apenas como peças de marketing e palanque eleitoral para Lula e Dilma.

A Norte-Sul interligará o porto seco do Centro-Oeste, sediado em Anápolis (GO), com Itaqui (Maranhão). O porto seco é hoje uma das principais portas de saída das commodities produzidas em Goiás. Após várias mudanças de data para a conclusão, a nova previsão é maio de 2014.  Além da ferrovia, outras obras de grande porte se arrastam pelo país, todas inseridas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). É o caso da transposição do rio São Francisco e da Transnordestina.

Gomes de Matos critica o descaso com as construções e afirma que nem sequer a qualidade dos materiais é prezada. O jornal “Valor Econômico” mostrou que os trilhos utilizados vieram da China. A Valec reconheceu que não tem registro de inspeção para embarque (na China) e nem registro de inspeção de recebimento desse material no Brasil. A estatal informou que o controle de qualidade dos trilhos, na etapa de recebimento no Brasil, é feito "por olho" mesmo, ou seja, se um cidadão enxergar alguma falha ou trilho empenado, o material é devolvido. Se a visão falhar, passa tudo.

“Precisamos questionar como esse material vem da China sem qualidade, sendo que temos condição de produzi-lo, pois há aço suficiente no país para isso. Eles trazem esse material de fora por ser mais barato, mas a durabilidade fica muito aquém do que deveria”, aponta o tucano, ao defender a realização de audiência pública com autoridades do governo federal para discutir a situação das grandes obras do PAC.

As comissões de Viação e Transporte e Fiscalização Financeira e Controle da Câmara aprovaram requerimentos do deputado Vanderlei Macris (SP) com esse propósito. No primeiro, o tucano pediu audiência com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, para falar sobre as dificuldades que o governo enfrenta para a conclusão das obras rodoviárias e ferroviárias do país, em especial das ferrovias Norte-Sul, Transnordestina, e Oeste-Leste. No segundo, em parceria com o líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), Macris solicitou debate com secretário de acompanhamento das obras do PAC, Maurício Muniz Barreto de Carvalho.

Exemplos da inércia petista:

Transnordestina – O orçamento inicial era de R$ 5,4 bilhões, mas subirá para R$ 7,5 bilhões só para a construção. Preveem-se gastos adicionais de R$ 1,5 bilhão para aquisição de material rodante (vagões e locomotivas), sem contar investimentos em oficinas e nos portos, de acordo com o jornal “O Estado de S. Paulo”. A ferrovia atravessa sete estados e deveria contribuir para melhorar a situação de pobreza crônica e subdesenvolvimento no interior do Nordeste, ligando-o a portos modernos como Suape e Pecém.

Transposição do São Francisco – O empreendimento tinha orçamento estimado em R$ 4,8 bilhões, mas devido à ineficiência do governo já se estimam gastos de mais de R$ 8,2 bilhões. A obra deveria, desde o ano passado, levar água para 12 milhões de nordestinos, mas os atrasos e paralisações adiaram o término para 2015.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola e Valec/Divulgação/ Áudio: Elyvio Blower)

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1 abril, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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