Resultado pífio


Queda no investimento em obras do PAC é sinal de incapacidade gerencial, reprova Gomes de Matos

O aumento dos desembolsos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), prestes a ser divulgado pelo governo, esconde a queda nos investimentos em obras de infraestrutura, de acordo com a “Folha de S.Paulo”. Para o deputado Raimundo Gomes de Matos (CE), mais uma vez o Planalto tenta enganar a população ao exibir os gastos do projeto sem mostrar resultados.

As obras do PAC receberam R$ 8,4 bilhões do Tesouro Nacional no primeiro semestre, de acordo com dados preliminares da execução orçamentária pesquisados pelo jornal. O valor é inferior aos R$ 9,6 bilhões do mesmo período do ano passado e, mais ainda, aos R$ 10,1 bilhões aplicados nos seis meses iniciais de 2010.

A redução chega aos 35% nos investimentos em transporte rodoviário, ferroviário e hidroviário, que encabeçam a lista dos projetos bancados com dinheiro da arrecadação de impostos. Eles caíram de R$ 6,7 bilhões para R$ 4,4 bilhões. Os números oficiais serão salvos pelo pagamento em atraso de subsídios do “Minha Casa, Minha Vida”: foram desembolsados R$ 10,5 bilhões no primeiro semestre.

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Na avaliação de Gomes de Matos, a falta de investimento é sinal da incapacidade gerencial do PT em tocar obras importantes para o desenvolvimento do país. “Infelizmente todas as estruturas estão repletas de apadrinhados políticos sem perfil gerencial. Quando foi lançado o PAC, esperávamos que o país crescesse e apresentasse números positivos. Mas o que vemos é o retrocesso, a diminuição do PIB”, disse nesta terça-feira (24).

Segundo o deputado, o que existe é muita publicidade e pouca ação. Diante da ineficiência com o projeto, o tucano considera o PAC um Plano de Aceleração da Comunicação. “É um programa só de publicidade. A execução orçamentária é pífia em virtude da falta de gerenciamento, mesmo o país arrecadando trilhões de reais. Há gargalos em vários setores. Muitas obras lançadas eleitoralmente, como a transposição do rio São Francisco, até hoje estão paralisadas”, lamentou.

Sob o impacto de acusações de desvios de verbas que derrubaram a cúpula dos Transportes no ano passado, os recursos para rodovias e ferrovias despencaram e puxaram a queda geral dos investimentos federais. Para Gomes de Matos, nomear apadrinhados políticos sem capacidade administrativa e envolvidos  em corrupção atrapalha o desenvolvimento do país.

“Quando a obra é realizada, tem corrupção no meio. Isso mostra o descaso e o desrespeito com o dinheiro público, do trabalhador. Por isso o PAC está sendo chamado de Plano de Aceleração da Comunicação e Plano de Aceleração da Corrupção”, ressaltou. “É um descompasso. Vamos continuar cobrando do governo o compromisso assumido politicamente e que se execute aquilo que foi prometido”, finalizou.

Lançado em 2007 para enfrentar as deficiências da infraestrutura nacional, o PAC reuniu um conjunto de projetos considerados prioritários em setores como energia, logística e urbanismo. Essas despesas foram liberadas das metas fiscais do governo e cresceram, ano a ano, até o final do governo Lula. Mas, mesmo no pico de 2010, ficaram muito abaixo dos resultados prometidos, e o Brasil permanece um dos países com menor taxa de investimento do mundo.

Derrocada nos investimentos

→ Além da derrocada nos transportes, os investimentos caíram em urbanismo e saneamento. Já novos projetos em educação e saúde, mais recentemente incorporados ao PAC, tiveram aumento dos desembolsos desde o ano passado, segundo a reportagem.

→ Em julho de 2011, após suspeitas de superfaturamento e corrupção, ao menos 22 servidores ligados ao Ministério dos Transportes foram afastados ou entregaram o cargo. Um dos órgãos mais atingidos foi justamente o executor das obras do setor, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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24 julho, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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