Sem direção


CPI do Cachoeira perde o foco com depoimentos descabidos, criticam tucanos

Na avaliação de tucanos, a CPI Mista que investiga as relações de Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados não consegue avançar. Para os deputados, a comissão perdeu o foco ao levar o arquiteto Alexandre Milhomem, que trabalhou na reforma da casa onde o contraventor foi preso em fevereiro deste ano. “Me sinto envergonhado. Perdemos a direção dessa CPI. Não fizemos nada de útil até o presente momento”, lamentou Carlos Sampaio (SP).

Na opinião de Sampaio, a presença do arquiteto foi descabida e despropositada. Ele lembrou que o requerimento de convocação foi assinado pelo deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que sequer participou do debate. A reunião desta terça-feira (26) foi proposta para a realização de três depoimentos supostamente relacionados à venda da casa do governador de Goiás, Marconi Perillo.

Seriam ouvidos ainda o ex-assessor de Perillo Lúcio Fiúza Gouthier e Écio Antônio Ribeiro, um dos sócios da empresa Mestra Administração e Participações. No entanto, eles se recusaram a falar. Para os tucanos, não há motivo algum para esses depoimentos.

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“A convocação do arquiteto deprecia o papel de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. É a primeira vez que vejo a função de um relator diminuindo a dimensão de uma CPI. A sua postura é muito ruim para o colegiado”, afirmou.

O deputado questionou o fato de a comissão ter aprovado sete depoimentos relacionados ao governador de Goiás, do PSDB, e apenas três ligados ao governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, do PT.

Segundo Antonio Carlos Mendes Thame (SP), essa é mais uma CPI que não consegue avançar. Para ele, a participação do arquiteto foi irrelevante. “Foi  perguntado onde ele comprou o papel de parede. Estamos na beira de uma grande organização criminosa. Temos a oportunidade de prestar um serviço ao país, desvendar como funciona esse processo que capturou uma parte do Estado brasileiro”, ressaltou

“Mas estamos perdendo a oportunidade porque há um direcionamento para o governador de Goiás, deixando de lado o fato de podermos aprofundar para conhecer como essa organização (Cachoeira e Delta) tomou conta do país. Não consigo entender qual a justificativa para não ouvir a Delta”, completou.

Domingos Sávio (MG), por sua vez, ressaltou a importância de a CPI ouvir os envolvidos, mas disse não ver motivos para a presença do arquiteto. “Não podemos é deixar de discutir os requerimentos para trazer o Luiz Antônio Pagot, entre outros, uma vez que já ficou provado que o Cachoeira fez tráfico de influência em favor da Delta.”

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Francisco Maia/ Vídeo: Hélio Ricardo)

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26 junho, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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