Nítido direcionamento


Tucanos criticam uso político de CPI e tentativa de relator de expor o PSDB

Parlamentares tucanos criticaram a tentativa do relator da CPI Mista do Cachoeira, Odair Cunha (PT-MG), de usar as investigações para prejudicar a imagem do PSDB. Nesta quinta-feira (24,) três acusados de participação na organização criminosa comandada por Carlos Cachoeira compareceram ao colegiado para depor. Apenas o ex-vereador Wladimir Garcez fez declarações, mas se recusou a responder questionamentos.

Tucanos acusam o relator de politizar a oitiva ao questionar o depoente sobre possível envolvimento da quadrilha com o governo de Goiás. Foi feita apenas uma referência sobre a relação do bicheiro com o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, do PT.

Garcez, apontado como o braço político da organização, confirmou que tinha contato com inúmeros políticos, inclusive vários ligados ao governo federal, como o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e Agnelo.

“Esse não é o caminho correto de uma investigação. Não chegaremos a lugar nenhum se o relator continuar desestabilizando o PSDB”, refutou o deputado Carlos Sampaio (SP), titular da CPI. Em sua avaliação, os membros do colegiado atuam como magistrados e devem se portar como tal, sem agir tendenciosamente para beneficiar pessoas ou partidos.

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“Estou preocupado com a promoção da justiça, doa ela a quem doer”, completou. O tucano foi o primeiro a reclamar da postura do relator durante a sessão. Sampaio abriu mão de fazer questionamentos ao depoente para evitar dar a ele subsídio para uma futura oitiva, onde poderá ser obrigado a falar.

Postura de deputado petista é inadmissível, critica líder

O líder tucano na Câmara, Bruno Araújo (PE), também condenou o uso político da CPI. “Houve um nítido direcionamento político por parte do relator, que deve ter papel de isenção, mas fez perguntas com o único caráter de atingir o PSDB”, apontou. O parlamentar rechaçou as suposições de envolvimento de Marconi Perillo com o esquema e defendeu a convocação do governador. Segundo ele, o tucano já garantiu que prestará os esclarecimentos necessários. “As explicações que ele deu ao partido foram suficientes e acreditamos que vão convencer também ao país”, afirmou.

O líder da Minoria, Antonio Carlos Mendes Thame (SP), também lamentou o uso político da CPI. “Todas as perguntas do relator foram direcionadas a um partido. Ele mostrou um viés político indesejável, algo que não se pode admitir em uma CPI. Essa comissão tem que ter um caráter judicial e esse papel de árbitro deve ser algo isento. É preciso investigar todos independentemente do partido e apontar os culpados”, destacou.

Os outros dois depoentes do dia, Jairo Martins de Souza e Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, recorreram ao direito constitucional de não produzirem provas contra si e não fizeram nenhuma declaração. Dadá é suspeito de arregimentar policiais para atividades criminosas e de ser araponga do grupo, mesma atividade atribuída a Jairo. Todos, inclusive Garcez, estão presos há quase três meses acusados de participarem do esquema ilegal.

Os parlamentares voltaram a defender a ampliação das investigações e busca de novas provas. Até o momento, a comissão não produziu nada novo em relação ao que a Polícia Federal e o Ministério Público já haviam apurado. Entre as medidas consideradas fundamentais estão a quebra de sigilo nacional da empresa Delta, a convocação de seu dono, Fernando Cavendish, e dos governadores citados nas investigações. Os requerimentos serão votados na reunião da próxima terça-feira (29).

“É o que a opinião pública quer. Não dá para fazer só o que o PT quer nessa CPI”, apontou o deputado Fernando Francischini (PR).  O tucano também rechaçou afirmações do advogado de Garcez de que a Polícia Federal teria feito montagens com as gravações registradas durante as operações que desvendaram a quadrilha. “Ele está viajando. Isso é estratégia de defesa e uma acusação que merece abertura de inquérito, pois trata-se de uma acusação criminosa”, disse.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Kim Maia/ Vídeo: Hélio Ricardo)

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24 maio, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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