Desculpa “estapafúrdia”

Para tucanos, Lula não conseguirá desviar foco do mensalão com declarações fantasiosas

Deputados do PSDB criticaram, nesta terça-feira (22), declaração do ex-presidente Lula de que o mensalão foi uma tentativa de golpe da oposição e da imprensa. Às vésperas do julgamento do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), Lula repetiu a frase em cerimônia na Câmara Municipal de São Paulo. Com a aproximação na análise do processo, esse tipo de argumento deve ser usado reitedamente por petistas, mas tucanos não hesitarão em rechaçá-lo.

Na visão de Domingos Sávio (MG), a declaração do ex-presidente vem na tentativa de livrar seus parceiros do maior caso de corrupção do país. “Uma coisa é o Brasil respeitar a sua figura pública. Outra coisa triste é ele usar essa popularidade para se colocar acima do bem e do mal e querer convencer o povo brasileiro de que toda essa bandalheira de corrupção não passou de um golpe da imprensa contra ele. É querer  colocar o PT e seus aloprados como vítimas. Ele não precisava sujar sua biografia dessa forma”, apontou.

O ex-presidente não pode querer transformar o fato em um engodo, nem  passar a ideia de que os bandidos são vítimas da imprensa, segundo o tucano. “Lula não precisava sujar sua biografia para defender bandidos”, reiterou. “Na época do mensalão, ele usou sua condição de ser presidente e sua popularidade para se blindar e tentar passar para o Brasil o absurdo de dizer: ‘eu não sabia de nada, eu não vi nada.’ Agora a sua atitude é pior. As provas são evidentes.”

Para César Colnago (ES), as provas falam por si só. “O ex-presidente deveria ter mais responsabilidade e cuidado ao se pronunciar. É achar que vai enganar o tempo todo o país. Isso não mudará a decisão do STF em julgar o processo”, ressaltou. Segundo ele, esse é um caso de justiça que a sociedade espera há tempos. “Quem cometeu ilícitos precisa ser punido. Só uma mente muita fantasiosa para achar que vai enganar uma nação. Chega a ser estapafúrdia tal declaração”, concluiu.

Ritmo acelerado

→ O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux afirmou ontem, no Rio, que a Corte se reunirá hoje para debater a metodologia do julgamento, previsto para ocorrer em agosto. Com mais de 50 mil páginas, o processo envolve 38 réus. Segundo Fux, “a disposição do Supremo é integral” no caso.

→ Na última sexta-feira (18), durante o 3º Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral, em Curitiba, o ministro Ricardo Lewandowski, revisor do caso, comentou o andamento do processo e disse que tem trabalhado em ritmo acelerado para garantir o julgamento ainda este ano. Para tentar concluir o trabalho, Lewandowski tem andado com um HD externo para todo lado e também costuma levar consigo um pen drive com informações criptografadas do mensalão, conforme mostra reportagem do jornal “O Globo”.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)