Pacote de “bondades”


Política de estímulo ao consumo e pouco investimento pode ser prejudicial ao país, avalia Vaz de Lima

O deputado Vaz de Lima (SP) fez um alerta nesta segunda-feira (21) para os novos estímulos à economia que o governo pretende anunciar nesta semana, apesar da falta de investimento em setores fundamentais como o da infraestrutura. Incentivo ao crédito e benefícios para segmentos específicos fazem parte do novo “pacote de bondades” do Planalto. O tucano avalia que, a médio e longo prazo, as medidas podem trazer resultados negativos ao país devido à ausência de aplicações.

“A equipe econômica não está agindo corretamente estimulando o consumo e o crédito consignado sem se preocupar com o essencial: o investimento em infraestrutura e o incentivo à produção sustentável”, alertou o deputado. O Executivo federal pretende reduzir juros e incentivar, novamente, setores como o automobilístico e o de construção. Enquanto isso, crescem os níveis de inadimplência e o endividamento das famílias.

“O que estamos vendo é uma ação para curto prazo, uma ação onde não se preocupam com o futuro. O que percebo é que o governo Dilma não está nem ligando para esse tipo de coisa, está apenas pensando na eleição deste ano”, afirmou o parlamentar, ao destacar que a infraestrutura continua sendo vítima do descaso no Brasil. Para a Copa de 2014, Vaz de Lima acredita que o país poderá passar vergonha porque os investimentos previstos não acontecem.

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“Estamos atrasados e é isso que vem causando a fuga de investidores que poderiam produzir no país”, destacou. Segundo ele, o ideal é estabelecer um círculo virtuoso de investimentos para que os estrangeiros vejam no Brasil “uma ilha de excelência” para produzir, consumir e exportar.

Nesta terça-feira (22), quatro comissões da Câmara promovem, a pedido de Eduardo Azeredo (MG), o seminário “Desafios da Indústria Brasileira Frente à Competitividade Internacional”, onde será debatida a desindustrialização, que tem contribuído para a retração no crescimento do país. Em março, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) caiu 0,35% em comparação com fevereiro. Foi o terceiro recuo consecutivo e a nona queda mensal do indicador ao longo dos 15 primeiros meses do governo Dilma Rousseff.  O indicador funciona como prévia do PIB.  Apesar disso, o Ministério do Planejamento insiste em projetar crescimento de 4,5%. Especialistas chegam a falar em 3%.

O PAC é exemplo da ausência de investimentos do governo federal. De acordo com a “Folha de S.Paulo”, dos 492 projetos do PAC com orçamento da União, apenas 84 receberam algum pagamento entre janeiro e abril. Para ampliação e construção de UBS e UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), nada dos R$ 929 milhões previstos foi aplicado nos quatro primeiros meses do ano, de acordo com a ONG Contas Abertas. Já com o programa de Mobilidade Urbana e Trânsito, apenas R$ 11 mil haviam sido pagos até abril dos R$ 1,4 bilhão previstos para o ano.

“Os investidores de longo prazo descem em qualquer aeroporto do país e veem o sucateamento, andam nas rodovias federais, todas sucateadas, passam pelas grandes cidades onde não há investimento em metrô e transporte ferroviário e o que pensam? Que esse é um país cético”, lamentou Vaz de Lima.

(Reportagem: Djan Moreno / Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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21 maio, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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