Debate polêmico
Francischini teme que liberação de uso medicinal da maconha abra portas para consumo abusivo
O deputado Fernando Francischini (PR) participou nesta quinta-feira (26) de audiência pública para discutir os malefícios e benefícios do uso medicinal da maconha. O debate foi realizado na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara com a presença de especialistas. O tucano, que é delegado há 20 anos, foi secretário antidrogas de Curitiba e coordenou as prisões dos traficantes Juan Carlos Abadia e Fernandinho Beiramar, contou sua experiência na Polícia Federal. Ele acredita que o país precisa avançar nas pesquisas antes de liberar a utilização da erva para o tratamento de doenças como o câncer.
“Vou contribuir com a minha opinião pessoal por tudo que vi nesses últimos anos. A imagem mais forte são os pais e mães que choravam na minha frente por ter o filho preso ou morto por causa da maconha e de outras substâncias. O que eu vi foram famílias destruídas pela droga”, afirmou.
baixe aquiO deputado conseguiu na Justiça a proibição da Marcha da Maconha no Paraná. Segundo ele, isso impediu a manifestação em outros estados. “Temos que discutir a liberação da maconha só para o uso medicinal, em forma de comprimido e não para outros fins. Será que vamos ter marchas pelo Brasil inteiro dizendo: vamos liberar o comprimido de marinol para curar o câncer? Por isso, eu não escondo a minha crença”, enfatizou.
De acordo com o tucano, há divergências nos estudos e pesquisas sobre os efeitos do uso medicinal da erva para o tratamento de doenças. “Alguns estudos mostram que não há risco e outros apontam o risco iminente. Ou seja, são frontalmente opostos quanto à estabilidade do uso. As pesquisas da utilização medicinal têm que avançar ainda”, disse.
No entanto, o parlamentar alertou que a utilização da substância na medicina pode abrir portas para abusos. “O uso medicinal foi um grande erro em outros países. Liberar isso, de uma forma que a maconha possa ser usada de forma recreativa, é um grande equívoco. Pode ocorrer uma liberação mascarada para o uso medicinal e facilitar o uso indevido da droga”, ponderou.
Para Francischini, a liberação das substâncias em países como Estados Unidos, Holanda e Argentina trouxe problemas sérios de dependência química, aumento da criminalidade e até o “turismo de drogas”.
Participaram do debate o doutor em neurociências e professor do Departamento de Fisiologia da Universidade de Brasília (UnB) Renato Malcher Lopes, o escritor e pesquisador Gideon dos Lakotas, a psicóloga clínica especialista em saúde mental Marisa Lobo.
(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)
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