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Presidente da Comissão de Ética da Presidência não esclareceu investigações sobre ministros, critica Macris

A pedido do deputado Vanderlei Macris (SP), o presidente da Comissão de Ética da Presidência da República, ministro Sepúlveda Pertence, participou de audiência pública na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. O parlamentar queria explicações sobre o funcionamento do colegiado e as investigações em curso – várias delas foram solicitadas pelo PSDB. No entanto, o tucano ouviu poucos esclarecimentos sobre o assunto. Sepúlveda reclamou da estrutura disponível para o trabalho dos conselheiros, negou retaliações por parte do Planalto, mas não deixou claro o resultado das investigações.

“Entendi a presença do ministro aqui mais como uma atitude protocolar de comparecer ao Parlamento, pois ele não deu quase nenhuma informação sobre os casos que havíamos solicitado”, queixou-se Macris. O tucano questionou o ministro sobre o posicionamento da comissão e as explicações apresentadas por titulares como Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento).

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A Comissão de Ética decidiu abrir procedimento preliminar para investigar a relação de Ideli com possíveis irregularidades na compra de 28 lanchas-patrulha entre dezembro de 2008 e março de 2011 pelo Ministério da Pesca. Enquanto esteve no comando da pasta, ela fez parte dos pagamentos. Auditoria do TCU apontou desperdício de R$ 31 milhões na compra dos equipamentos, que se encontram inoperantes e em risco de entrar em processo de sucateamento. A fabricante, Intech Boating, contribuiu com recursos para a campanha da petista ao governo de Santa Catarina nas eleições de 2010. Macris lamentou o fato de o ministro resumir o caso ao dizer apenas que ele está em andamento.

Em relação a Fernando Pimentel, também investigado a pedido do PSDB, Sepúlveda afirmou que o colegiado aguarda mais informações, já que as enviadas até o momento não foram suficientes. Os conselheiros apuram as consultorias que renderam a Pimentel R$ 2 milhões antes de integrar o governo Dilma Rousseff.

“Outra coisa que chamou atenção foi o fato de ele mostrar claramente que não há estrutura suficiente para a atuação da comissão”, destacou Macris. Segundo Sepúlveda, o colegiado, formado por sete conselheiros, possui 12 funcionários e conta com R$ 600 mil por ano para realizar todas as atividades e pagar salários. “Uma pobreza franciscana”, resumiu. Na avaliação do deputado, a audiência serviu mais para conhecer as dificuldades que a comissão enfrenta para trabalhar, do que a sua real atuação e situação dos casos investigados.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower/ Vídeo: Hélio Ricardo)

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24 abril, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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