CPI do Cachoeira
“Além de mãe do PAC, Dilma se transformou na mãe da Delta”, diz Vaz de Lima
O deputado Vaz de Lima (SP) condenou a postura do governo federal de continuar assinando contratos com a Delta Construções, mesmo após a construtora ser denunciada por corrupção na Operação Mão Dupla, da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal. Irregularidades como fraude em licitações, superfaturamento e desvio de verbas foram reveladas em 2010. Depois disso, foram firmados 31 novos negócios com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), no valor total de R$ 758 milhões. A empreiteira teria pagado mensalão a servidores do Dnit no Ceará, segundo o jornal “O Globo”.
O crescimento de repasses federais para a Delta nos últimos anos também foi criticado pelo deputado. O jornal “O Estado de S. Paulo” destacou que a empresa obteve aditivos alterando o valor de obras em quase 60% nos convênios com o Dnit. Dos 265 empreendimentos tocados pela empreiteira a serviço da autarquia responsável pelas rodovias federais, 154 sofreram mudanças no valor originalmente previsto, custando mais caro na maioria dos casos e aumentando o valor das obras em cerca de R$ 400 milhões.
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“Me parece que a presidente Dilma, além de mãe do PAC se transformou na mãe da Delta”, resumiu Vaz de Lima nesta segunda-feira (23). “A presidente segue o mesmo caminho de Lula achando que a alta popularidade dá a ela, como deu ele, a condição de fazer o que quer, achando que a impunidade está presente”, destacou.
Maior empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Delta deve ser investigada na CPI do Cachoeira. A comissão vai apurar as relações de Carlinhos Cachoeira – preso na Operação Monte Carlo – com políticos e empresários. O PSDB já anunciou que vai pedir a convocação do dono da empreiteira, Fernando Cavendish. Amanhã, em sessão do Congresso, serão lidos os nomes dos integrantes indicados pelos partidos. A previsão é que o colegiado comece a funcionar nesta quarta-feira (25).
Para o tucano, o foco da comissão deve ser qualquer irregularidade. “Se isso levar à Delta, ao Palácio do Planalto, ao gabinete da presidente, ao ex-presidente Lula, a ex-ministros ou até à campanha do Lula e da Dilma, com doação dessa empreiteira ou do próprio Cachoeira, tudo tem que ser apurado”, destacou.
O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), criticou a demora do Planalto para suspender os contratos com a empresa. “Por que só agora com CPI o governo toma providências sobre Delta se a CGU afirma conhecer irregularidades desde 2010? Será que é novo discurso de “faxina” que só ocorre quando não dá para segurar mais?”, questionou pelo Twitter.
“Mesmo diante de todas as denúncias da CGU e da Polícia Federal – o governo ainda acredita que nada vai acontecer. Felizmente a sociedade reage, a imprensa está vigilante e se pode sim provar que o governo está jogando no ‘quanto mais eu tiver popularidade mais eu posso fazer o que quero, até as irregularidades’”, concluiu Vaz de Lima.
Lula pode virar um dos focos da CPI do Cachoeira
Entusiasta da CPI do Cachoeira, o ex-presidente Lula pode virar um dos focos em virtude do suposto uso de recursos de “bingueiros” para financiar a sua campanha em 2002. Em depoimento à CPI dos Bingos, em 2005, o advogado Rogério Buratti disse que em parceria com “empresários dos jogos” do Rio e de São Paulo, Cachoeira teria dado R$ 1 milhão de caixa dois para campanha de Lula em 2002. No total, segundo o relatório da CPI dos Bingos, “empresas de jogos” irrigaram “a campanha do presidente Lula e o PT” com R$ 2 milhões.
Crescimento suspeito
→ Em uma década, a construtora Delta multiplicou seus contratos e transformou-se na maior fornecedora de serviços ao governo federal, registrando um crescimento de 1.653%, segundo a revista “Veja”.
→ A relação da empreiteira com agentes públicos rendeu à empreiteira resultados surpreendentes, principalmente em aumento de contratos. A construtora obteve aditivos de quase 60% dos contratos firmados com o Dnit, um dos órgãos que concentram os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento, segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”.
→ O diretor-executivo da Delta, Carlos Pacheco, é citado em ao menos sete conversas de Carlinhos Cachoeira, nas quais são discutidos negócios e marcados encontros, segundo a “Folha de S.Paulo”. Os diálogos interceptados pela Polícia Federal põem em xeque a versão da empresa de que as eventuais relações com o contraventor se referem apenas ao ex-diretor para a região Centro-Oeste, Claudio Abreu, já afastado, e não à sua cúpula.
(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)
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