Apuração de denúncias

A pedido de Macris, presidente da Comissão de Ética da Presidência explicará investigações em curso

O presidente da Comisão de Ética Pública da Presidência da República, Sepúlveda Pertence, dará esclarecimentos à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara nesta terça-feira (24) às 15h sobre o funcionamento do colegiado e o andamento das investigações em curso. O pedido foi feito pelo deputado Vanderlei Macris (SP). O PSDB é autor de algumas das principais denúncias feitas recentemente e investigadas pelos conselheiros.

O tucano acredita que a audiência será fundamental para esclarecer os procedimentos usados nas apurações. O deputado quer conhecer a estrutura da comissão, a postura adotada em relação às denúncias e os resultados já alcançados. Em sua avaliação, o Congresso não tem sido informado sobre a atuação do grupo. O debate poderá, de acordo com ele, esclarecer esses e outros pontos.

“O presidente já deveria ter comparecido ao Congresso para dar explicações sobre esses mais diversos processos que estão sendo abertos na comissão e que não sabemos qual a repercussão ou resultado. Também queremos saber como se posicionou no caso Palocci, Pimentel e tantos outros”, destacou.

Após pedido do PSDB, no último dia 16, a Comissão de Ética decidiu abrir procedimento preliminar para investigar a relação de Ideli com possíveis irregularidades na compra de 28 lanchas-patrulha, adquiridas entre dezembro de 2008 e março de 2011 pelo Ministério da Pesca. Enquanto esteve no comando da pasta, a ministra fez parte dos pagamentos. Auditoria do TCU apontou desperdício de R$ 31 milhões na compra das lanchas, que se encontram inoperantes e em risco de entrar em processo de sucateamento. A empresa Intech Boating, fabricante das lanchas, contribuiu com recursos para a campanha de Ideli ao governo de Santa Catarina nas eleições de 2010.

No mesmo dia, a defesa do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, foi considerada insuficiente pelo relator, conselheiro Fábio Coutinho. Ele pediu mais esclarecimentos ao ministro sobre as consultorias que lhe renderam R$ 2 milhões antes de integrar o governo Dilma Rousseff. Com base em reportagens publicadas pelo jornal “O Globo”, o PSDB entrou com representação no fim do ano passado pedindo investigação das consultorias feitas por Pimentel no período entre a saída da prefeitura de Belo Horizonte e a posse no ministério.

O caso de Pimentel é semelhante ao do ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci, que teve um significativo aumento patrimonial por causa de consultorias feitas quando era deputado federal, entre 2006 e 2010. O conselheiro Fábio Coutinho também relata o procedimento contra Palocci.

Em fevereiro, o líder tucano, deputado Bruno Araújo (PE), protocolou no colegiado representação contra o ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, em função de matéria de “Veja”. A publicação revela ligação direta do titular com a advogada Christiane Araújo de Oliveira, peça chave no caso de corrupção que derrubou o ex-governador José Roberto Arruda do governo do Distrito Federal.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)