População desamparada

Durante visita de deputados, morador de área próxima à transposição relata prejuízos

Em visita a trecho da transposição do rio São Francisco no Ceará, deputados do PSDB constataram a situação crítica da obra e o abandono da população local. O líder tucano na Câmara, Bruno Araújo (PE), entrevistou o morador José Almir de Almeida, que teve boa parte da terra desapropriada.

Durante a conversa, José revelou como a paralisação do empreendimento prejudicou os habitantes. “Se a obra do São Francisco fosse realizada, seria uma grande obra. Iria gerar emprego no sertão nordestino. Mas o que vemos são muitas coisas desfalcadas e desperdício de dinheiro”, disse.

Ao ser questionado sobre as desapropriações, ele disse: “Eles pensaram que era uma boa indenização, mas não tinha ninguém que olhasse para nós. Eu tenho uma indenização, mas fui desapropriado. Fiquei sem terra para trabalhar, desamparado”, desabafou.

José cita os prejuízos que teve ao perder o terreno onde cultivava caju, maracujá e feijão. Cada planta de cajueiro foi avaliada em R$ 83, o que rendeu R$ 12 mil ao produtor. Somado ao valor dos outros cultivos, ele recebeu R$ 26 mil. “Eu preferia ter meu terreno hoje do que ter recebido essa indenização, que foi pouca. Esse dinheiro não deu nem para terminar de construir a minha casa. Hoje não tenho mais onde produzir o maracujá. Eu vendia por semana 2.500 maracujás na feira para trazer o sustento para casa e isso acabou”, completou. Além disso, José chegava a colher 2 mil quilos de castanha do antigo terreno.

Para Bruno Araújo, a preocupação dos parlamentares não é só com o andamento das obras, mas, sobretudo, com a população. “É preciso mostrar para o Brasil inteiro tudo o que está acontecendo. Mais do que a obra atrasada, a preocupação é com a expectativa de vida das pessoas, de gerar emprego. E o que vemos é que, com a obra parada, há mais dificuldade na região”, apontou.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)