Partilha injusta


Privilegiar prefeituras do PT com verbas federais é desrespeitar o povo brasileiro, alertam tucanos

Para os deputados Domingos Sávio (MG) e Vaz de Lima (SP), o modelo adotado pelo governo Dilma de privilegiar prefeituras do PT na partilha de recursos federais – assim como fez Lula – mostra a intenção de ajudar a “companheirada”. Segundo reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”, dos dez municípios que mais receberam verbas do governo federal desde janeiro de 2011, seis são administrados por petistas. O cenário se repete na Esplanada, onde os ministérios protegidos pela presidente quase não sentiram os cortes no orçamento.

A cidade do ex-presidente Lula, São Bernardo (SP), é campeã em repasses para obras. Já redutos tucanos são desprezados. “Mais uma vez o PT mostra que não tem compromisso com o país, revela sua incoerência e verdadeira face. Faz uma propaganda dizendo que esse é um país de todos, mas na verdade isso é uma farsa. Um país de todos não pode ter essa regra perversa de mandar mais dinheiro para uma prefeitura e excluir outras. É falta de respeito com o povo”, ressaltou Domingos Sávio nesta segunda-feira (26).

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No governo Dilma, gestores que não são petistas ficam apenas com migalhas na distribuição dos recursos

Na opinião do parlamentar, o Partido dos Trabalhadores tenta acabar com a  democracia no país. “É como se mandassem um recado: ‘Aqui nós mandamos. Vocês têm que nos obedecer. Votem só em gente do PT porque essa é a regra’. O Brasil não pode ser tratado dessa maneira”, alertou.

“É um partido que instrumentaliza órgãos do governo, desprestigia a população quando não apoia municípios que elegeram prefeitos de outros partidos. E, acima de tudo, dá uma demonstração que está muito distante do modelo republicano de governar. Além do que, não é bom de gestão. E o pouco que faz, faz para a companheirada. Esse é o PT”, resumiu Vaz de Lima.

De acordo com o prefeito de São José dos Campos (SP), Eduardo Cury (PSDB), de cada dez projetos apresentados a órgãos do governo federal, apenas um é contemplado. Ou seja, cidades administradas pela oposição predominam entre as mais maltratadas pela gestão Dilma.

No último sábado (24), a “Folha” examinou como o corte orçamentário de R$ 55 bilhões anunciado em fevereiro atingiu os ministérios. As 14 pastas ocupadas por petistas ou por integrantes da “cota pessoal” de Dilma perderam apenas 10% da verba inicialmente prevista para o ano. Por outro lado, ministérios como Esporte (ocupado pelo PCdoB) e Turismo (do PMDB) perderam 70% dos recursos para 2011.

Na média, os órgãos entregues a PMDB, PSB, PR, PP, PDT, PC do B e PRB tiveram cortada 24% da verba prevista. Outra evidência do desequilíbrio de tratamento: enquanto os ministérios petistas terão R$ 162 bilhões à disposição (78% do total), aos demais foram destinados R$ 45,6 bilhões.

Prefeituras escanteadas

→ O levantamento foi feito nas 81 maiores cidades do país (com mais de 200 mil eleitores). Das dez, seis são governadas pelo PT. Outras quatro são chefiadas por aliados (PMDB, PP e PDT).

→ A cidade onde mora o ex-presidente, São Bernardo, desponta no ranking. Desde janeiro do ano passado, foram transferidos R$ 52,4 milhões, o equivalente a R$ 93 por eleitor.

→ Além de São Bernardo, estão entre as campeãs de verba Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Betim (MG), Petrópolis (RJ) e Carapicuíba (SP), todas chefiadas pelo PT.

→ No pé da tabela, estão cidades como São José dos Campos (SP), reduto tucano com mais de 400 mil eleitores. Desde 2011, recebeu cerca de R$ 500 mil (R$ 0,32 por eleitor) para obras no museu da igreja de São Benedito. O prefeito Eduardo Cury (PSDB) reclama da demora no repasse. Sorocaba, um reduto tucano, e Barueri não viram um centavo do Orçamento Geral da União desde janeiro de 2011, ainda segundo a reportagem.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

 

 

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26 março, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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