Sem votações


Sem diálogo com base aliada, Planalto paralisa Congresso e provoca prejuízos ao país

O abalo na relação entre Palácio do Planalto e sua base aliada provocará a paralisia nas votações do Congresso nas próximas semanas. A determinação do governo Dilma para seus líderes é a de que matérias em pauta no plenário só sejam analisadas após o feriado da Páscoa. Para o deputado Alfredo Kaefer (PR), esta “nefasta crise” prejudicará o país. Na avaliação do tucano, o governo não se conforma em ser derrotado nas votações e, ao mesmo tempo, não consegue dialogar com os aliados.

O também tucano Marcus Pestana (MG) também está incomodado com a interrupção dos trabalhos. “É importante que a sociedade saiba que a paralisia no Congresso Nacional não é de responsabilidade da oposição. Queremos debater ideias, discutir programas, criticar o que achamos que mereça críticas”, reprovou. Para ele, a situação é fruto do modo como foi constituída a base aliada da presidente Dilma. “Compôs-se um grupo com base apenas no fisiologismo e na distribuição de cargos. Não há nenhuma afinidade programática. Isso leva à ocorrência deste jogo de interesses, marcado por chantagens, concessões e esbarrões. O governo está acéfalo”, disse o deputado.

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Leia a cronologia da crise

Para o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), cumpre-se a previsão de que Dilma não se sairia bem na articulação política. “A desordem está grande na base governista. Isso reforça o que já vínhamos alertando desde a campanha presidencial de 2010: ela não tem comando sobre sua equipe e sua base parlamentar”, apontou o tucano.

Além da insatisfação já instalada nos partidos da base com a forma que têm sido tratados pelo governo, a crise tem sido alimentada pela intransigência do Planalto em aceitar a proposta da maioria dos partidos de votação da Lei Geral da Copa apenas após a definição de um calendário para apreciação do Código Florestal.

Na próxima semana, além da dificuldade de negociação sobre esses temas, Dilma e o vice-presidente Michel Temer estarão fora do país. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), assumirá a presidência da República, tornando as votações na Câmara mais improváveis. Em seu lugar, assume a presidência da Casa a deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), que faz parte da ala independente do partido. Diante disso, as votações só devem ser retomadas após a Semana Santa. “Param as atividades do Congresso e o país pode sofrer danos por causa dessa falta de relacionamento. Isso é um fato concreto”, reiterou Kaefer.

O Planalto não pretende negociar uma data para votação do novo Código Florestal, pois acredita que sofrerá uma derrota. Com isso, Dilma teria que vetar alguns pontos do texto, aumentando o desgaste político. Na última quarta-feira (21), após fracasso da tentativa de votar a Lei Geral da Copa no plenário, o governo percebeu que contará com poucos votos caso tente aprovar a matéria sem negociar com a multipartidária bancada ruralista.

Kaefer acredita que a crise abala não só a relação do governo com a base, mas com todo o Congresso.  “O importante é que a sociedade começa a fazer uma avalição da forma como governa a presidente. É uma característica dela pensar que pode impor suas condições, mas numa democracia não é assim que se faz”, alertou.

(Reportagem: Djan Moreno, com informações da Agência PSDB/ Fotos: Ag. Câmara/ Áudio: Elyvio Blower)

 

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23 março, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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