Cronologia da crise


Insatisfeita, base aliada ao governo desencadeia série de derrotas do Planalto no Congresso

A crise na base aliada da gestão Dilma Rousseff começou no início de março com a insatisfação do PMDB exigindo maior protagonismo nas decisões do governo federal. Na quarta-feira (21), o impasse chegou ao auge com sucessivas derrotas do Planalto na Câmara. Por resistência de partidos aliados e opositores, não houve quórum para votar a Lei Geral da Copa na sessão. Acompanhe a cronologia da crise:

6 de março
Na Câmara, mais de 50% dos deputados do PMDB – partido do vice-presidente da República Michel Temer – assinaram manifesto no qual se dizem excluídos das decisões políticas do governo federal. No documento entregue a Temer, o partido reclamou do tratamento desigual dispensado pela administração petista à legenda e exigiu maior protagonismo nas decisões da gestão Dilma.

7 de março
Uma rebelião da base governista liderada pelo PMDB foi responsável pela primeira derrota do governo neste ano. O plenário do Senado rejeitou a recondução de Bernardo Figueiredo para o cargo de diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), indicação da própria presidente Dilma. Bernardo trabalhou diretamente com a petista na Casa Civil. O golpe contra a presidente reflete a insatisfação de senadores com o governo, segundo integrantes da base aliada. É a primeira derrota de Dilma na indicação para cargos de agências reguladoras.

8 de março
O ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, admite que o Palácio do Planalto vive um “momento tenso” na relação com a base aliada.

9 de março
Dilma anuncia demissão de Afonso Florence do comando do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Em dez dias, o Planalto promoveu duas mudanças repentinas na Esplanada. Em 29 de fevereiro, o senador Marcelo Crivella assumiu o Ministério da Pesca no lugar de Luiz Sérgio.

Em virtude da crise na base aliada, Dilma manda paralisar as votações mais polêmicas no Congresso, como o novo Código Florestal. O objetivo era tentar evitar novas derrotas no Congresso.

12 e 13 de março
A petista promove trocas nas lideranças governistas do Congresso. No Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) foi substituído por Eduardo Braga (PMDB-AM). Na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) assumiu o posto de Cândido Vaccarezza (PT-SP).  Antes do nome de Chinaglia ser anunciado, a reunião de líderes marcada para definir as votações da semana foi cancelada. Em retaliação à decisão de Dilma, o PMDB escala Jucá para relatar o Orçamento, função-chave em qualquer governo. A presidente, no entanto, afirma que a base aliada é uma equipe “coesa”.

14 de março
Após reunião com a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, os líderes da base aliada anunciam retirada de qualquer referência a bebidas alcoólicas no projeto de Lei Geral da Copa.  A supressão foi comemorada por deputados do PSDB.

Horas depois, em uma reunião de emergência no Palácio do Planalto, os ministros do Esporte, Aldo Rebelo, e da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, se encontram com o relator da matéria, deputado Vicente Cândido (PT-SP), e o novo líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia. Em nota oficial, o ministro Aldo Rebelo esclareceu que o compromisso assumido com a Fifa sobre a comercialização foi mantido no texto aprovado pela comissão especial no final de fevereiro.

No mesmo dia, o PR do Senado rompe com Dilma e anuncia que será oposição. A saída da legenda da base de apoio representa um prejuízo equivalente a quase 10% dos 81 senadores, segundo.

15 de março
O relator da Lei Geral da Copa, Vicente Cândido (PT-SP), confirma que a liberação da venda de bebidas está mantida no texto. Em outra nota, o ministro do Esporte reforça acordo com a entidade de futebol para a comercialização da substância nos estádios.

16 de março
Após reunião com Dilma, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, afirmou que recebeu garantias de que os compromissos firmados em 2007 para a realização do evento estão mantidos – o que inclui a venda de bebidas nos estádios.

19 de março
PT anuncia que não apoia autorização explícita da venda de bebidas nas arenas. Deputados dizem que a decisão deve ficar com os estados que sediarão os jogos da Copa.

20 de março
Líderes da base aliada entram em acordo para votar a Lei Geral da Copa sem a permissão explícita da venda de bebidas, no plenário da Câmara. No entanto, a maioria dos partidos que apoiam o Planalto condicionou a apreciação da matéria à definição de uma data para analisar o novo Código Florestal. A análise da proposta foi adiada.

21 de março
Uma série de derrotas ao governo Dilma é imposta pela base aliada. A pedido da deputada Andreia Zito (RJ), a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, é convocada para explicar a suspensão de realização de concursos públicos e a nomeação dos aprovados.  A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprova projeto de lei que retira poderes da presidente na demarcação de terras indígenas e transfere a atribuição ao Congresso. A análise da Lei Geral da Copa, considerada prioridade para o governo, foi adiada mais uma vez. O projeto deve voltar à pauta na próxima semana.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Wilson Dias/ABr)

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22 março, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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