A passos lentos


Crescimento medíocre do PIB e inflação elevada representam uma combinação letal, alerta Kaefer

O deputado Alfredo Kaefer (PR) destacou da tribuna o baixo crescimento do PIB em 2011 – de apenas 2,7% – a alertou que a pior notícia dos resultados divulgados nesta semana pelo IBGE pode não ser só esta. Pelas características que a economia nacional vem adquirindo, também o potencial de expansão econômica parece estar significativamente comprometido. Ou seja, o país não apenas avança menos, como aparenta estar também murchando.Além disso, a expansão medíocre do PIB veio junto com uma inflação ainda muito alta, no limite da meta (6,5%). Trata-se de uma combinação letal, que ressalta quão mal o país se saiu no ano passado e quão ineficaz foram as políticas do governo federal para assegurar o desenvolvimento.

As medidas adotadas no primeiro ano da gestão serviram para esfriar a economia e evitar a explosão dos preços. Medidas insuficientes para prover melhores condições que o país precisa para crescer de forma sustentável e duradoura. Foram medidas de curto prazo. Faltou ousadia para domar o câmbio, reduzir os juros e a tributação, melhorar a qualidade da política fiscal, retirar distorções do mercado de trabalho, diminuir custos e aperfeiçoar estrutura logística. Em 2011 não foi diferente.

Kaefer disse que o país também foi o que pior se saiu entre os Brics (a Rússia ainda não divulgou seus resultados de 2011): perdemos para a China, com seus exuberantes 9,2%; para os 6,9% da Índia e para os 3,1% da África do Sul. Considerando apenas o resultado do último trimestre (alta de 1,4%), o Brasil fica em 28° lugar entre as 46 economias que já divulgaram seus resultados. E mais: os motores do crescimento estão esfriando.

Novamente, o consumo das famílias sustentou o PIB. Foi o oitavo ano seguido de alta, mas a menor desde 2004. Na comparação com 2010, o ritmo caiu de 6,9% para 4,1%. O consumo foi ruim, mas ainda assim bem melhor do que os investimentos, cuja expansão despencou de 21,3% para 4,7% no ano passado. A maior fraqueza está na indústria. Já são nove meses – ou três trimestres consecutivos, na ótica das contas nacionais – de queda. “Tal fato não era visto desde o racionamento de energia em 2001. Nem na crise de 2008 e 2009 isso ocorreu”.

O segmento industrial mais expressivo, o de transformação, ainda está no mesmo nível de produção do terceiro trimestre de 2007. O governo, contudo, tem se limitado a medidas de caráter pontual, beneficiando setores específicos em detrimento de uma política mais ampla de efeitos mais perenes. Se insistir em prescindir da indústria, o país terá, em troca, crescimentos pífios.

Kaefer afirma, que neste ano, dificilmente o PIB vai reagir como precisaria: para superar 3%, terá de avançar mais de 1% por trimestre – em dezembro estávamos crescendo 0,3% frente aos três meses anteriores. O ministro da Fazenda, porém, voltou a prever algo entre 4% e 4,5%, ao mesmo tempo em que considerou “satisfatório” o Pibinho de 2011. O risco é o governo apelar para a imprudência, no afã de produzir crescimento ilusório e insustentável, como foi o caso de 2010. Gastar mais pode ser uma perigosa tentação que precisa ser afastada. O que falta é uma política consistente, eficiente e rigorosa. Sem isso, a economia brasileira estará limitada.

(Da assessoria, com alterações/Foto: Gustavo Lima – Ag. Câmara)

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8 março, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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