Moeda de barganha


Nomeação de Crivella comprova que PT coloca interesses partidários acima das necessidades da população

A nomeação do senador Marcelo Crivella (PRB) para o Ministério da Pesca foi um equívoco, além de comprovar que o PT utiliza a máquina como moeda de barganha política. Essa é a avaliação dos deputados Márcio Bittar (AC) e Antonio Imbassahy (BA). Para eles, a pasta não deveria nem existir. Pastor evangélico, Crivella admitiu não entender nada do assunto, numa demonstração de que a presidente Dilma despreza os critérios técnicos para escolher seus assessores. “Nem sei colocar uma minhoca no anzol. Na verdade, estou indo para aprender.”

Segundo os parlamentares, a falta de experiência é sinal de que o péssimo desempenho do órgão continuará. O orçamento da Pesca cresceu 831% desde 2004, mas sem reflexo positivo na produção nacional, que só aumentou 25% até 2009 (dado mais recente disponível), diz “O Globo”. O Brasil é apenas o 18º principal produtor no ranking mundial do setor.

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“Não se deve misturar fé com o governo. O Estado tem de ser laico. O PT, mais uma vez, dá marcha à ré. Não é assim que se avança”, disse Bittar nesta sexta-feira (2). “O Planalto tem 40 ministérios. O número é um absurdo. O fato é que o partido não tem um projeto importante para o país”, completou.

No sentido de aumentar a eficiência administrativa, o PSDB protocolou uma proposta de reengenharia da estrutura federal para diminuir o desperdício de dinheiro público. “Mas infelizmente não parece que o governo vai trabalhar nessa direção: da moralização, da profissionalização do serviço e do zelo”, lamentou.

Imbassahy afirma que, outra vez, está em evidência a diferença entre o discurso e a prática. Segundo ele, o PT anuncia a redução de gastos, mas, ao mesmo tempo, convida um senador sem capacidade técnica para o exercício da função.

“Significa que prossegue o fisiologismo partidário acima do interesse nacional. Haverá eleições municipais e a máquina federal começa a se movimentar de maneira despudorada para apoiar candidatos a prefeitos. É um desrespeito com o povo”, apontou. “E pior: movimentando segmentos religiosos, que deveriam ser preservados.”

Na era Dilma, todos os ministros da Pesca tiveram uma característica comum: não entender nada do assunto, já que passaram pela pasta sem qualquer formação na área. O ingresso do PRB na Esplanada está longe de apaziguar a base aliada, conforme destaca a imprensa. Maior parceiro do governo, o PMDB divulgou manifesto cobrando mais espaço.

População paga a conta

→ Fica evidente que o que Dilma transferiu anteontem para o partido evangélico não foi uma estrutura destinada a cuidar de algum aspecto da vida nacional. Foi um cabide que terá R$ 154 milhões de orçamento neste ano, não apenas para ser preenchido com apaniguados como também para distribuir, por exemplo, o chamado seguro-defeso – a “bolsa pescador” que o governo do PT multiplicou por cinco, segundo o Instituto Teotônio Vilela (ITV).

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto:Antonio Cruz/Agência Brasil/ Áudio: Elyvio Blower)

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2 março, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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