Perda inestimável


Após incêndio em estação, deputados cobram investimento do governo no Programa Antártico

O incêndio que destruiu boa parte da estação brasileira no continente gelado trouxe à tona o descaso do governo federal com o Programa Antártico Brasileiro (Proantar). Deputados do PSDB demonstraram solidariedade às famílias dos militares mortos no desastre e cobraram do Planalto mais atenção aos projetos científicos. Neste ano, os recursos destinados à pesquisa na Antártida são os menores desde 2006: R$ 10,7 milhões, 42% a menos que em 2011, quando somente metade do orçamento destinado à base Comandante Ferraz foi efetivamente aplicada.

“Foi um grande desastre para a ciência e a tecnologia. Esse programa é muito importante e vem sendo desenvolvido com bastante esforço de nossos militares e cientistas”, destacou Eduardo Azeredo (MG), ao ressaltar que o fogo consumiu cerca de 70% da estação. Por volta de 40% de todo o Proantar pode ter sido comprometido na tragédia. O deputado destaca que o projeto já enfrentava dificuldades financeiras e a necessidade de reconstrução da estrutura implica em ainda mais responsabilidade por parte do Executivo.

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Destruição traz à tona falta de apoio da gestão petista para pesquisa no continente gelado

“O governo tem agora a obrigação não só de normalizar os repasses para o Proantar, como também adicionar novos recursos para a reconstrução, sob pena dos esforços de tantos anos serem perdidos”, afirmou o parlamentar, que já visitou a estação brasileira. Na avaliação dele, não há justificativa para o contingenciamento que tem sido feito ano após ano no setor.

O presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), também criticou a falta de atenção com a iniciativa. “A redução de recursos para o programa mostra que a ciência não é prioridade para o governo federal. Enquanto o mundo investe pesado nessas ações, nós caminhamos para trás. É mais um caso lamentável de negligência petista”, destacou.

O acidente aconteceu no último sábado (25), quando 60 pessoas estavam na estação, e levantou questionamentos sobre a estrutura do local.  Os sistemas de energia e de hidráulica são considerados inadequados pelos próprios pesquisadores. O governo informou que em dois anos pretende reconstruir o que foi perdido. “Torço para que a reconstrução seja breve e que os importantes trabalhos desenvolvidos pelos oficiais e pesquisadores tenham continuidade”, disse o deputado Vanderlei Macris (SP) pelo Twitter.

O tucano Carlos Alberto Leréia (GO) divulgou nota à imprensa para expressar solidariedade às famílias dos “bravos combatentes que trabalharam em prol da ciência brasileira”. Ele lembra que conheceu o Proantar durante missão oficial em 2006 e destaca que o programa “é de suma relevância para garantir a participação brasileira no processo decisório relativo ao futuro do continente”. “Reiteramos nosso apoio aos esforços para reerguer essa base, onde 70% das instalações foram destruídas, e incentivar esse projeto ímpar para a nação brasileira”.

Para o líder da Minoria da Câmara, Antonio Carlos Mendes Thame (SP), existe um problema estrutural na ação. “As perdas revelam os problemas do programa. Entre eles, está o número excessivo de pessoas na estação. O segundo é o orçamento em queda. O terceiro é o navio de apoio, que é fundamental às operações, e está há dois meses parado no Chile para trocar o motor principal”, apontou. Além disso, os pesquisadores sofrem com atrasos nos repasses.

Problema antigo

Esse não foi o primeiro acidente com equipamentos brasileiros no continente. Em dezembro, uma embarcação rebocada pela Marinha afundou no mar antártico. Estacionada a 40 metros de profundidade e a 900 metros da praia onde fica a estação incendiada no sábado, até hoje não foi resgatada. Outra embarcação brasileira, o navio de apoio oceanográfico Ary Rongel, está parada desde dezembro num estaleiro em Punta Arenas, no Chile, refazendo seu motor principal. O incêndio, o naufrágio e o estrago dão ideia da penúria que assola o Proantar, como afirma o Instituto Teotônio Vilela.

→ Os militares que morreram no acidente foram o suboficial Carlos Alberto Figueiredo e o sargento Roberto Lopes dos Santos. O primeiro-sargento Luciano Gomes Medeiros está hospitalizado.

(Reportagem: Djan Moreno com informações do Site do PSDB/ Foto: Arquivo/ABr / Áudio: Elyvio Blower)

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27 fevereiro, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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