Improvisando no mundial


População arcará com os custos do improviso da gestão Dilma para realizar mundial

A Câmara inicia nesta terça-feira (13) a votação do projeto da Lei Geral da Copa de 2014. O assunto é destaque da carta de conjuntura política do Instituto Teotônio Vilela (ITV). Segundo o documento, na maior parte dos aspectos, a preparação do Brasil para o mundial tem se mostrado um vexame. “Não faltou tempo, mas, sim, dedicação e competência por parte da gestão petista. Na undécima hora, sobra para a sociedade em geral arcar com os custos do improviso”, afirma o órgão de formação política do PSDB. Segundo o ITV, o jeitinho brasileiro foi regra, prevalecendo o desrespeito ao consumidor. Veja íntegra do documento:

O Congresso deve começar a votar hoje a proposta do governo para a Lei Geral da Copa de 2014. Em várias das medidas apresentadas sente-se o cheiro do improviso que marca a maneira com que o país está se preparando para o evento. O jeitinho foi regra, e o desrespeito ao consumidor é a máxima geral.

Com as obras voltadas a melhorar a infraestrutura urbana ainda engatinhando, o governo Dilma Rousseff passou a buscar meios para contornar o possível caos que se instalará nas cidades-sede nos dias de jogos. Primeiro, propusera decretar feriado nas datas das partidas; agora, sugere mudar o calendário escolar.

No texto a ser levado hoje a votação na comissão da Câmara que discute o tema, o deputado petista Vicente Cândido propõe que o início das aulas e as férias escolares de meio de ano em 2014 sejam antecipados. A pausa coincidiria com a data prevista para a realização dos jogos do Mundial.

O relator usou da esperteza. Juntou uma proposta que, provavelmente, agradará pais e a meninada com um jeitinho para tirar o movimento de carros das ruas e colaborar para que a falta das necessárias obras de mobilidade urbana – prometidas, mas não entregues para a Copa – seja menos sentida.

A proposta de Cândido assemelha-se a uma confissão antecipada de fracasso do país na preparação para o maior evento de futebol do mundo. O Brasil foi escolhido para sediar a Copa de 2014 em outubro de 2007, mas, passados mais de quatro anos, mal conseguiu tirar a maior parte das obras do papel.

“A pouco mais de dois anos e meio do início do torneio, apenas 8 dos 49 projetos de obras para transportar torcedores e turistas nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo tiveram contratos assinados e 24 nem sequer lançaram licitação”, relatou O Estado de S.Paulo no início do mês.

Os números baseiam-se em documento preparado pelo Tribunal de Contas da União. O maior temor é que de duas uma: ou os empreendimentos não fiquem prontos a tempo ou, mesmo concluídos, se assemelhem ao que está se vendo nas obras da transposição do rio São Francisco. Uma herança, efetivamente, maldita.

O pouco que tem sido feito o é de maneira arbitrária e atrabiliária. De acordo com a Articulação Nacional dos Comitês Populares, as obras voltadas ao torneio estão levando a remoções ilegais de famílias. “São aplicadas estratégias de guerra e perseguição”, diz documento elaborado pela organização. Até 170 mil pessoas correm risco de perder suas casas.

O trator do governo Dilma não para aí. A lei específica que a gestão petista propõe para a Copa também avança sobre outras conquistas recentes da sociedade. Extirpa o direito de idosos e estudantes à meia-entrada, assegurado no Estatuto do Idoso e no Estatuto da Juventude. E perpetra uma atrocidade: a permissão para a venda de bebidas alcóolicas nos estádios, proibidas desde 2003 pelo Estatuto do Torcedor.

A restrição ao consumo de bebida durante as partidas está associada a medidas de combate à violência nos estádios. Resolveu a insanidade das torcidas? Não, mas atuou para atenuar um problema que era crônico e crítico até alguns anos atrás.

O deputado petista, porém, quer que a venda volte a ser permitida não só na Copa, mas também em quaisquer jogos do calendário nacional de futebol. De onde veio ideia tão nefasta? Desnecessário lembrar que uma das maiores cervejarias do mundo é uma das patrocinadoras oficiais do evento da Fifa…

Como se não bastasse, medida provisória (nº 540) recém-aprovada pelo rolo compressor governista no Congresso libera o uso de recursos do FGTS em empreendimentos comerciais relacionados à Copa e à Olimpíada. É o dinheiro do mal remunerado patrimônio dos trabalhadores sendo usado para gerar lucro para empresários e construtores.

Na maior parte dos aspectos, a preparação do Brasil para a Copa tem se mostrado um vexame. Não faltou tempo, mas, sim, dedicação e competência por parte do governo petista. Na undécima hora, sobra para a sociedade em geral arcar com os custos do improviso, sem saber ao certo o que vai ganhar com isso. Se é que vai ganhar alguma coisa.

(Fonte: ITV)

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13 dezembro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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