Distante da realidade


Relatório da reforma política mantém distanciamento entre eleitor e representante político

Deputados da comissão especial que analisa a proposta de reforma política pediram nesta quarta-feira (23) o adiamento da votação do relatório de Henrique Fontana (PT-RS). Para Jorginho Mello (SC), William Dib (SP), Marcus Pestana (MG) e Antonio Carlos Mendes Thame (SP), o parecer do petista mantém o distanciamento do eleitor com o parlamentar, privilegia o poder econômico e abre brecha para a corrupção.

Jorginho Mello defende o fim da coligação proporcional, o fortalecimento dos partidos e solicita a retirada do financiamento público. “Eu não acredito no avanço dessa reforma. Está se desenhando um plebiscito. Começo a concordar com uma espécie de constituinte separada, sendo que pessoas participantes da construção do processo não sejam candidatas”, destacou.

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Na opinião de William Dib, Fontana criou uma situação inviável. Segundo ele, o petista tentou agradar todo mundo, mas conseguiu o efeito contrário. “Se o sistema vigente não representa a população, não há motivo para acreditar que só a metade vai melhor. O erro principal do modelo atual é o abuso do poder econômico, o distanciamento em relação ao eleitor e a baixa representatividade.”

Marcus Pestana acredita que faltou empenhou da presidente Dilma. “Ela não mobilizou o governo na discussão da matéria. Não podemos ficar com um sistema em que a população não acompanha as votações, os posicionamentos dos parlamentares que representam a sociedade”, ponderou.

De acordo com Mendes Thame, a ausência de consenso é evidente. Ele condena a tentativa do Planalto de empurrar uma mudança sem discuti-la, além de cobrar responsabilidade para votar um tema de elevado interesse social. “Não dá para apreciar um relatório que foi distribuído horas atrás. Precisamos de uns dias para aprofundar o assunto, saber o que estamos analisando.”

O deputado considera o sistema atual muito caro e não exige, segundo ele, uma prestação de contas dos políticos. “A situação é muito ruim. Há um fosso entre o Congresso e a população”, disse. Na próxima semana, o relatório pode ser votado na comissão especial.

(Reportagem: Artur Filho / Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil / Áudio: Elyvio Blower)

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23 novembro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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