Duro de roer


Discurso de inocência não foi suficiente para salvar ministros suspeitos de corrupção, lembram tucanos

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, afirmou nesta terça-feira (8) que não pretende deixar o órgão federal, alvo de denúncias de irregularidades. “Para me tirar, só batido à bala. Tem de ser uma bala pesada, porque sou pesadão”, disse após reunião com parlamentares de seu partido, o PDT. Ontem, Lupi já havia afirmado que é “osso duro de roer” e quer ver “até onde vai essa onda de denuncismo.” O pedetista segue a mesma linha dos companheiros já demitidos da Esplanada por indícios de corrupção e adere ao discurso de inocência e firmeza. Antes de deixarem as pastas, os ex-ministros de Dilma sustentavam a tese de que não sairiam porque não havia provas.

No mês passado, Orlando Silva afirmou ser “indestrutível”, mas não resistiu às acusações e viu sua tese destruída com a saída do órgão. Pouco tempo antes, Pedro Novais dizia que “ria quando lia em algum jornal que ele pediria demissão” do Turismo. Isso aconteceu menos de um mês depois. Assim como eles, Wagner Rossi declarava-se “firme como uma rocha”, mas cedeu e deixou a Agricultura em agosto. Antes, Antonio Palocci e Alfredo Nascimento também haviam descartado a hipótese de queda por causa de corrupção, já que se declaravam inocentes. Foram os primeiros a cair.

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Tucanos defendem afastamento de Carlos Lupi do Trabalho

Os deputados Domingos Sávio (MG) e Raimundo Gomes de Matos (CE) avaliaram a atitude como incoerente e cobraram explicações convincentes.  “Quem está sendo acusado deve dar explicações objetivas, não tentar se afirmar com argumentos que não resolvem o problema. Infelizmente é mais um ministro que vai na mesma linha. Isso não vai ajudá-lo”, afirmou Sávio em referência a Carlos Lupi.

O tucano lembrou que os titulares exonerados não provaram inocência, o que fragilizou as defesas. “É uma atitude muito incoerente falar em denuncismo. Até agora não houve nenhuma denúncia sem fundamento, tanto que elas resultaram nas demissões de funcionários e até indiciamento pelo Supremo Tribunal Federal”, destacou.

Já Gomes de Matos afirma que as declarações e atitudes de membros do governo confirmam os desmandos, que começaram sob a égide do ex-presidente Lula.  “Os ministros fazem chacota e os parlamentares da base riem dizendo que é tudo mentira, mas esse já é o sétimo”, apontou, ao lembrar que o próprio Lula atuou para manter gestores no cargo. “Os ministros estão querendo entrar no céu a força. Mas a verdade é que todos os que juraram ser honestos e que não havia irregularidade alguma já caíram”, completou.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Agência Câmara/ Áudio: Elyvio Blower)

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8 novembro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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