Mudança de postura


“Faxina” de Dilma é lenta e ineficiente no combate à corrupção nos ministérios, dizem tucanos

A queda do ministro do Esporte, Orlando Silva, repetiu o roteiro de decadência dos outros quatro titulares acusados de corrupção. Em todos os casos, a presidente Dilma Rousseff esperou a situação ficar insustentável politicamente até que o funcionário deixasse o cargo. No conceito de faxina da petista, o Planalto não reage quando surge uma nova denúncia de irregularidade.

O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), defende uma mudança urgente na postura da presidente, mesmo que isso traga um desgaste pessoal. “O Brasil atravessa uma crise em função da má qualidade de escolhas que já vieram do governo anterior. Ela precisa enfrentar essas dificuldades em benefício do nosso país. A oposição vai continuar cobrando e fiscalizando”, avisou. Na quarta-feira (26), Dilma participou de três eventos oficiais, mas fugiu dos jornalistas para não comentar a saída de Silva.

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O tucano espera que o novo ministro, Aldo Rebelo, enfrente com a devida resistência a enorme tarefa que terá pela frente: arrumar a pasta. E ainda devolver aos cofres públicos o dinheiro desviado. “Espero que ele limpe as irregularidades, afaste as pessoas que causaram prejuízo e enfrente seus próprios companheiros, colocando os interesses da nação acima de tudo”, defendeu.

O deputado Nilson Leitão (MT), por sua vez, considera um equívoco a presidente achar que a saída do comunista dá o assunto por encerrado. “Isso é uma falta de respeito com a sociedade”, afirmou. Na sua opinião, o silêncio de Dilma traz desesperança à população. “Ela tem que explicar essa confusão. A cada mês cai um ministro. Parece que virou rotina”, acrescentou.

Em relação à escolha do primeiro escalão, o tucano afirma que a petista é totalmente influenciada por Lula e não sabe definir seus auxiliares. “O atual governo não pode ser chamado de gestão Dilma e sim, Lula-Dilma. Ela continua sendo a ministra da Casa Civil e ele o presidente”, concluiu.

Já o deputado Antonio Imbassahy (BA) comemora a saída de Orlando Silva, mas lamenta que o esquema permaneça. “Isso é grave e precisa acabar. É necessário modificar a funcionalidade, já que existe um esquema de corrupção. Já são cinco ministérios atingidos por escândalos. Nunca se viu na história do Brasil tanta corrupção acumulada em tão pouco tempo”, ressaltou.

A frase:

“Com certeza haverá novos escândalos, pois o esquema está montado. Infelizmente, não vemos uma atitude firme da presidente para mudar de verdade.”

Deputado Antonio Imbassahy (BA)

Evitando a imprensa

Mesmo tendo participado de três eventos públicos na quarta-feira (26), a presidente Dilma Rousseff evitou falar publicamente sobre a situação do então ministro do Esporte, Orlando Silva, e tomou providências para isolar a imprensa. Nas comemorações do Dia do Aviador, na Base Aérea de Brasília, foram reforçadas as grades para evitar que os jornalistas chegassem perto dela e perguntassem sobre as denúncias. Ela não discursou.

Em seguida, na sanção da lei que cria o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), Dilma evitou novamente o assédio dos jornalistas. À tarde, a presidente foi à posse da ministra Ana Arraes, no Tribunal de Contas da União (TCU).

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Paula Sholl/ Áudio: Elyvio Blower)

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27 outubro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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