Suspeitas graves


Oposição ouve autor de acusações contra ministro do Esporte

A oposição ouve na tarde desta terça-feira (18) o policial militar e ex-militante do PCdoB João Dias Ferreira, que acusa o ministro do Esporte, Orlando Silva, de irregularidades. Líderes do PSDB, DEM, PPS e PSOL participam da reunião a portas fechadas. O desmando foi revelado por “Veja” nesta semana.

Dias apontou o comunista como mentor de esquema de desvio de verba por meio de convênios com ONGs. O outro delator da fraude, Célio Soares Pereira, disse ter entregue verba a Orlando Silva e ao motorista dele. Conforme a reportagem, as ONGs recebiam dinheiro mediante o pagamento de taxa “previamente negociada que podia chegar a 20% do valor dos convênios”. Calcula-se prejuízo de R$ 40 milhões nos últimos oito anos aos cofres da União.

“Antes mesmo de ouvir o ministro, é bom ouvir os acusadores. Certamente o governo vai blindar as comissões no Congresso para rejeitar eventuais convites a eles. Com isso, a vinda do ministro aqui hoje vai servir como uma operação-abafa”, avaliou o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), após reunião com os líderes do PPS e do DEM. Orlando Silva comparecerá nesta tarde a depoimento conjunto das comissões de Fiscalização Financeira e de Turismo e Desporto na Câmara. Desde o fim de semana, o partido anunciou uma série de medidas visando esclarecer as denúncias que pesam contra o ministro.

Na avaliação de Nogueira, a revista “Veja” não publicaria as acusações sem que houvesse provas consistentes. “O governo vai tentar desqualificar a fala dos acusadores, mas parecem muito verídicos os detalhes com que colocam o envolvimento do ministro”, disse o tucano.

A imprensa levanta nesta terça-feira novas suspeitas contra Orlando Silva. De acordo com o portal UOL, em agosto de 2010, o comunista comprou à vista, por R$ 370 mil, um terreno no distrito de Sousas, em Campinas (SP). Pela área de aproximadamente 90 mil m² passa um duto de gás da Petrobras. De acordo com matéria, documentos da própria companhia mostram que há planos para mudanças nos dutos localizados no Estado de São Paulo, gerando alto risco de desapropriação e, consequentemente, ganhos para o dono do terreno.

Além disso, em entrevista exclusiva ao “Estadão”, João Dias Ferreira afirmou que o ministro propôs pessoalmente, numa reunião em março de 2008 na sede do ministério, um acordo para que os desvios de verba envolvendo o programa Segundo Tempo não fossem denunciados. Esses são exemplos de questões obscuras que precisarão ser esclarecidas por Orlando Silva nesta tarde.

No Senado, base aliada impede vinda de João Ferreira e Agnelo Queiroz

No Senado, aconteceu o que foi previsto por Duarte Nogueira. A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) rejeitou requerimentos de Alvaro Dias (PR) e Ana Amélia (PP-RS) para convocar João Dias Ferreira e o ex-ministro do Esporte e atual governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, para também falarem sobre as denúncias que envolvem o ministério. O colegiado apenas aprovou, nesta manhã, requerimentos dos senadores Alvaro, Ana Amélia e Inácio Arruda (PCdoB-CE) para convidar o ministro do Esporte a prestar esclarecimentos. Essa audiência deverá ser feita em conjunto com a Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), que também aprovou requerimento similar na manhã desta terça-feira (18). Orlando Silva deverá ir à CMA já nesta quarta-feira (19), às 14h.

(Da redação com Ag. Senado/ Foto: Paula Sholl)

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18 outubro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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