Estado leniente


Governo é omisso em relação aos problemas do consumo abusivo de álcool, diz Otavio Leite

Em audiência na comissão especial criada para discutir os efeitos do crescimento de consumo de bebida no Brasil, o deputado Otavio Leite (RJ) considerou o governo federal omisso em relação aos problemas gerados pela ingestão abusiva de álcool. “O Executivo deveria tratar com muito mais ênfase algo que é completamente previsível e evitável”, avalia.

Na reunião, o professor de medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), José Mauro Braz de Lima, disse que o conhecimento sobre os efeitos da substância durante a gravidez é pouco divulgado no Brasil. “O álcool age na saúde biopsicossocial e compromete organicamente a criança”, afirmou. O médico explicou que a droga lícita é a “causa mais frequente de distúrbio cognitivo – dificuldade de compreender e aprender – na infância”.

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Para Leite, o consumo exagerado é ruim para a população, mas ele destaca que é ainda mais nocivo na gestação. “A ingestão na gravidez é um crime que se pratica contra o feto”, analisou. Na avaliação dele, é preciso conscientização das mulheres. “Em média, no país, a cada três milhões de grávidas no ano, 22% bebem álcool. É um erro”, lamenta.

O deputado pelo Rio de Janeiro ressalta que o governo é leniente por não promover campanhas de esclarecimento sobre o assunto. “Basta chamar a atenção e trabalhar a consciência das pessoas. O trabalho é tímido em relação à questão da bebida”, concluiu.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que a substância é uma das principais causas de mortalidade. O mercado de bebida no Brasil é de R$ 108 bilhões ao ano. O valor representa duas vezes o orçamento da saúde, de R$ 55 bilhões anuais. Entre 1998 e 2007 foi registrada queda de 45% dos recursos destinados ao tratamento da dependência.

(Reportagem: Laize Andrade / Foto: Paula Sholl/ Áudio: Elyvio Blower)

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18 outubro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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