Desvios milionários


Cobrado pela oposição, Orlando Silva falará na Câmara sobre denúncias no Esporte

O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), voltou a destacar nesta segunda-feira (17) medidas que serão tomadas para esclarecer o escândalo de corrupção envolvendo o ministro do Esporte, Orlando Silva. Após ser cobrado pela oposição, o comunista comparacerá nesta terça-feira (18) na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle para dar explicações sobre as supostas irregularidades no programa Segundo Tempo. O depoimento ocorrerá a partir das 14h30 no plenário 3.

A pedido dos deputados Vanderlei Macris (SP) e Vaz de Lima (SP), a reunião – que será realizada juntamente com a Comissão de Turismo e Desporto – abordará ainda as denúncias relativas ao projeto Torcida Legal e a atualização da Matriz de Responsabilidade relacionada ao torneio e sobre o sistema de monitoramento da competição de futebol.

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Para deputados, explicações vão além do programa Segundo Tempo

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Pedido de afastamento – O líder irá protocolar nesta terça representação na Comissão de Ética Pública da Presidência da República requerendo o afastamento do ministro. Também será apresentada solicitação de investigação por parte do Ministério Público Federal não só do atual titular da pasta, mas também do governador do DF e ex-ministro Agnelo Queiroz. Também será protocolada solicitação de investigação por parte do Ministério Público Federal não só do atual titular da pasta, mas também do governador do DF e ex-ministro do Esporte, Agnelo Queiroz.

“Esse programa, que tem por caráter atender jovens com iniciativas esportivas para efeito de cidadania, se transformou em instrumento de ação política. São claros os desvios e o troca-troca de favores”, avaliou Nogueira. “A ação vai verificar qual foi a extensão dos desmandos realizados e quem realmente tem culpa, além de cobrar o ressarcimento aos cofres públicos”, avisou. Ele destacou, ainda, que o partido insistirá em esclarecimentos da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal.

“Há mais de um ano ele tem enfrentado denúncias e não prestou nenhuma explicação. Teremos grandes eventos esportivos no país e não há coordenação e planejamento nos preparativos. A prova disso está aparecendo e a Comissão de Fiscalização Financeira e a oposição quer apuração”, destaca Macris. “O ministro virá a Câmara e o questionaremos sobre todas as denúncias que envolvem a pasta.”

Outra ONG suspeita – O líder também enviará ofício ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para que sejam ouvidos no inquérito que será aberto pela Polícia Federal, Orlando Silva, Agnelo Queiroz e Karina Valéria Rodrigues, responsável pela ONG Pra Frente Brasil, apontada em reportagem exibida pelo Fantástico como suspeita de desviar recursos do programa Segundo tempo.

Na Câmara, a bancada do PSDB irá protocolar dois requerimentos de informação. Um deles, endereçado a Cardozo, solicita cópia do inquérito da Operação Shaolin, que teve como alvo duas ONGs que receberam recursos do Segundo Tempo. O outro, ao Ministério do Esporte, pede os registros de entrada e saída da garagem do prédio.

Pagamento de propina – O desmando foi revelado por “Veja”. Em entrevista à revista, o policial militar e ex-militante do PCdoB, João Dias Ferreira, apontou Orlando Silva como mentor de esquema de desvio de verba por meio de convênios com ONGs. Calcula-se prejuízo de R$ 40 milhões nos últimos oito anos aos cofres da União. Além de confirmar o favorecimento do partido nos contratos do Segundo Tempo, ele diz que o responsável pelo órgão recebeu pessoalmente remessas de recursos.

Segundo o policial, as fraudes teriam começado na gestão do atual governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, no ministério. Célio Soares Pereira também disse ter entregue verba a Orlando Silva e ao motorista dele. Conforme a reportagem, as ONGs recebiam dinheiro mediante o pagamento de taxa “previamente negociada que podia chegar a 20% do valor dos convênios”. Ferreira e outras quatro pessoas foram presas no ano passado por causa do episódio.

O deputado recorda que as denúncias não começaram agora. Em fevereiro, o PSDB já havia solicitado investigação ao Ministério Público por causa de irregularidades. Durante a administração Lula, o Tribunal de Contas da União esteve de olho na iniciativa que se tornou fonte de recursos para o PCdoB. Em 2009, a Corte apresentou segundo acórdão sobre auditorias feitas no órgão e alertou para a persistência de fraudes no Segundo Tempo.

Para o líder, diante dos fatos o ideal seria o afastamento, pelo menos, até a elucidação do episódio. “Se ele tem convicção da inocência, deve ser o maior interessado em deixar o posto e permitir que as investigações ocorram. Provando-se sua inocência, ele volta ao cargo”, afirmou, ao lembrar que as irregularidades põem em risco os preparativos para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Agência Brasil / Áudio: Elyvio Blower)

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17 outubro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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