Muita promessa, pouca ação


Para líder, dez meses de governo Dilma foram dedicados para estancar crises políticas

Os dez meses iniciais do mandato da presidente Dilma desmistificam o discurso defendido na campanha eleitoral de que a petista é uma gestora eficiente. Para o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), a prática mostra exatamente o contrário: “Que o governo é ruim de serviço”. O tucano acredita que ela desperdiçou o primeiro ano no Palácio do Planalto para estancar crises políticas, enquanto os investimentos diminuíram.

“Está usando o mesmo figurino do ex-presidente Lula: faz evento para lançar programas que nada mais são do que um novo embrulho para coisas antigas”, afirmou em discurso no plenário. “Fica só na propaganda e faz pouco ou quase nada.”

Sem uma marca de governo, a petista usa projetos prontos para mostrar resultados, segundo o “Estado de S. Paulo”. Numa tentativa para reduzir o desgaste da prometida faxina em ministérios envolvidos em corrupção, Dilma ordenou a divulgação de ações de impacto a cada duas semanas, diz a matéria. Será lançado um pacote de iniciativas turbinadas com investimentos que somam R$ 14 bilhões até o fim do mandato, em 2014.

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Uma das propostas é destinada à recuperação de presídios. “A presidente vai transformar em programa algo que ela deveria ter feito e não fez até agora”, diz o parlamentar. As ações da área continuam no papel. O orçamento para o setor sofreu corte de 39,6%.

Mesmo assim, a execução não decolou. Em 2011, os recursos autorizados somam R$ 132,5 milhões contra R$ 219,4 milhões do ano passado. Do total, apenas 6,6% (R$ 8,8 milhões) foram pagos e 10,1%, R$ 13,4 milhões, empenhados. E o Executivo destina boa parcela da verba para os chamados restos a pagar – despesas previstas no exercício vigente, mas que não foram pagas.

“Até quatro de outubro, não houve sequer empenho em projetos importantes”, recordou. Nogueira enumera a implantação do sistema de inteligência de presídios federal, a construção da escola penitenciária nacional, o apoio à construção, a ampliação e reforma de estabelecimentos penais estaduais, entre outros.

Presídios de papel

O Tribunal de Contas da União (TCU) encontrou irregularidades em contratos de R$ 30 milhões firmados pelo governo federal para a construção ou reforma de penitenciárias estaduais. Em outro relatório, o órgão diz que as obras de prisões apresentam sobrepreços e atrasos. Em certos casos, o revestimento das paredes é arrancado com as mãos. Existem mais de cem convênios desse tipo, que somam R$ 700 milhões.

(Reportagem: Gabriel Garcia / Foto: Brizza Cavalcante / Áudio: Elyvio Blower)

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11 outubro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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