Falta de consenso


Greve provoca atraso na entrega de milhões de correspondências e população sai prejudicada

A greve dos Correios, que chega ao 25º dia, já causou atraso na entrega de 150 milhões de correspondências e encomendas. Os funcionários reivindicam melhores condições de trabalho, reajuste no salário e mais contratações. Os deputados Otavio Leite (RJ) e Fernando Francischini (PR) acreditam que a situação é resultado da incompetência da gestão petista e do loteamento político.

Apesar do compromisso firmado na última terça-feira (4) pelos representantes dos profissionais no Tribunal Superior do Trabalho (TST) para encerrar a greve, a paralisação continua. Até a noite de quarta-feira (5), 30 dos 35 sindicatos haviam rejeitado o acordo fechado entre o comando nacional e a estatal, segundo o jornal “O Globo”. Os profissionais pedem aumento real de R$ 400 e piso de R$ 1.635.

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“Os Correios são um serviço essencial ao povo. É impressionante como o governo deixou deteriorar uma instituição que antigamente era uma das mais respeitadas do Brasil”, disse Leite.

O tucano classificou de “tragédia” os serviços oferecidos pela empresa. Uma carta postada no Rio de Janeiro com destino à própria cidade pode levar de 15 a 20 dias para ser entregue. “Já tive o desprazer de encaminhar uma correspondência e não chegar a tempo. É uma vergonha. Isso tem total ligação com a incompetência administrativa”, frisou o parlamentar.

De acordo com o deputado, o loteamento da estatal e o descaso com as necessidades dos funcionários provocaram a deterioração do serviço. “É lamentável estarem nesse estágio, sem nenhuma credibilidade. O governo tem que assumir essa responsabilidade”, apontou.

Francischini criticou a inabilidade do Planalto na negociação com os grevistas. “A população é quem sofre mais com a falta de  habilidade do Executivo”, lamentou. “A empresa é essencial para o país. O PT não consegue chegar a um consenso. O problema não é só questão salarial, mas também a falta de estrutura. É preciso negociar e verificar o que pode ser atendido”, concluiu.

Encomendas paradas

Se a greve tivesse acabado e os trabalhadores retornado às atividades na quinta-feira (6), conforme previa a direção dos Correios, a normalização da entrega ocorreria em sete dias, no Rio, em São Paulo e na Bahia. A carga é concentrada nesses estados, onde a adesão também foi maior.

A decisão dos trabalhadores surpreendeu a direção da empresa, pois o acordo fechado no TST foi aprovado por cinco dos sete membros que compõem o comando de greve. A estatal, no entanto, não deve apresentar novos pedidos de liminar ao tribunal e aguardará o desfecho do processo de dissídio coletivo.

O resultado das assembleias foi levado ontem ao TST e à direção da empresa pela Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (Fentect). Até segunda-feira – quando haverá audiência no tribunal para sacramentar a decisão dos trabalhadores – os serviços não serão normalizados.

Segundo O Globo, o TST decidiu que 40% dos funcionários de cada unidade dos Correios vão ter de voltar ao trabalho nesta sexta-feira (7). E se isso não acontecer, a federação que representa a categoria vai pagar multa de R$ 50 mil por dia.

A frase

“O transtorno é maior para os mais carentes. Estamos nos tempos da informática, mas nem todo mundo tem acesso, o que desarticula a vida na sociedade, porque as pessoas precisam se comunicar seja por telefone, e-mail ou correspondência. É uma necessidade básica. Quem perde é a população brasileira”.

Deputado Otavio Leite (RJ)

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Áudio: Elyvio Blower)

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7 outubro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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