Planalto refém de sua base


Para Rogério Marinho, presidente Dilma não faz faxina alguma nos órgãos do governo envolvidos em denúncias

Na avaliação do deputado Rogério Marinho (RN), a denúncia de irregularidades no Ministério do Trabalho mostra que a presidente Dilma não está fazendo faxina alguma nos setores envolvidos em corrupção e mau uso do dinheiro público. Para o tucano, os desmandos revelados pela imprensa são oriundos da era Lula, como repasse suspeito de verbas do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) a centrais sindicais por intermédio do ministro Carlos Lupi.

“O governo claramente é refém de sua maioria parlamentar, uma maioria circunstancial. A presidente tem se portado como alguém que administra a situação fazendo concessões que sempre foram feitas na gestão anterior”, avaliou.

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Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, Lupi encontrou brecha para driblar a proibição do Tribunal de Contas da União (TCU) de enviar recursos às centrais. As entidades vinculadas aos sindicatos receberam R$ 11 milhões só neste ano. Cargos da cúpula da pasta são ocupados por integrantes do PDT. Presidente licenciado da sigla, o ministro admite que a militância partidária pesou nas nomeações.

O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), anunciou no domingo (25) que vai pedir investigação da Procuradoria Geral da República e do TCU.

Rogério Marinho afirmou que o pedetista deve explicações. “Ele certamente virá a público e irá ao Congresso esclarecer o funcionamento da sua pasta e, sobretudo, passar a limpo as denúncias. Se ele não tiver o que temer, certamente o fará com a maior celeridade possível”, declarou.

Ainda de acordo com o Estadão, a limpeza prometida por Dilma só ocorreu no Ministério dos Transportes e no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Na Valec, apenas o presidente foi afastado. A estatal, responsável pela construção das ferrovias previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), desviou R$ 279,7 milhões, segundo a Controladoria-Geral da União (CGU). Da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) saíram dois dirigentes.

→ O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, mantém dez integrantes da Executiva do PDT em postos de comando da pasta e um outro personagem da cúpula partidária na Fundacentro, instituição ligada à pasta. O tesoureiro do partido, Marcelo Panella, foi chefe de gabinete de Lupi até o início do mês passado, auge da faxina ministerial, quando deixou o cargo a pretexto de cuidar de negócios pessoais, segundo o Estadão.

→ Outra reportagem do jornal revelou que a Federação Nacional de Mototaxistas e Motofretistas, presidida por Robson Alves Paulino, filiado ao PDT do ministro Carlos Lupi (Trabalho), assinou convênio de R$ 1,5 milhão para qualificar motoboys. Escolhida oficialmente por sua estrutura e expertise, a Fenamoto precisou contratar professores para dar as aulas em salas emprestadas pela Secretaria do Trabalho do Distrito Federal, a 200 quilômetros de distância de Goiânia.

→ O presidente da Conab, Evangevaldo Moreira dos Santos, é protegido do líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO). O deputado teria retirado a candidatura a ministro do TCU e apoiado a deputada Ana Arraes (PSB-PE), defendida pelo governo, numa troca para manter seu apadrinhado no órgão.

→ Permanecem na estatal outros apadrinhados como Marcelo Melo, diretor de Operações, indicado pelo PMDB; Rogério Abdala, diretor de Administração, do PMDB; e Sílvio Porto, diretor de Política Agrícola, nome do PT na Conab, Rodrigo Calheiros, filho do senador Renan Calheiros (AL), líder do PMDB; Adriano Quércia, assessor de programas da Conab, neto do governador Orestes Quércia; Matheus Benevides, coordenador de acompanhamento de ações orçamentárias, neto do deputado Mauro Benevides (PMDB-CE); e Mônica Infante Azambuja, assessora da diretoria da Conab, ex-mulher do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).

(Reportagem: Alessandra Galvão / Foto: Paula Sholl / Áudio: Elyvio Blower)

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26 setembro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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